segunda-feira, julho 04, 2011

Evangelho do Dia

MATEUS 9:18-26


18Enquanto Jesus estava falando, um chefe aproximou-se, inclinou-se profundamente diante dele, e disse: “Minha filha acaba de morrer. Mas vem, impõe tua mão sobre ela e ela viverá”.
19
Jesus levantou-se e o seguiu, junto com os seus discípulos. 20Nisto, uma mulher que sofria de hemorragia há doze anos veio por trás dele e tocou a barra do seu manto. 21Ela pensava consigo: “Se eu conseguir ao menos tocar no manto dele, ficarei curada”. 22Jesus voltou-se e, ao vê-la, disse: “Coragem, filha! A tua fé te salvou”. E a mulher ficou curada a partir daquele instante.
23
Chegando à casa do chefe, Jesus viu os tocadores de flauta e a multidão alvoroçada, 24e disse: “Retirai-vos, porque a menina não morreu, mas está dormindo”. E começaram a caçoar dele. 25Quan­do a multidão foi afastada, Jesus entrou, tomou a menina pela mão, e ela se levantou. 26Essa notícia espalhou-se por toda aquela região.

Hoje, a Liturgia da Palavra nos convida a admirar duas magníficas manifestações de fé. Tão magníficas que comoveram o coração de Jesus Cristo e provocaram imediatamente a sua resposta. O Senhor não se deixa vencer em generosidade!
«Minha filha faleceu agora mesmo; mas vem impor a mão sobre ela, e viverá» (Mt 9,18). Quase poderíamos dizer que com uma fé consistente nós «obrigamos» a Deus. Ele gosta desta espécie de obrigação. O outro testemunho de fé do Evangelho de hoje também é impressionante: «Se eu conseguir ao menos tocar no seu manto, ficarei curada» (Mt 9,21).
Poderíamos afirmar que Deus se deixa «manipular» de bom grado pela nossa boa fé. O que Ele não admite é que O tentemos por desconfiança. Este foi o caso de Zacarias, que pediu uma prova ao arcanjo Gabriel: «Zacarias disse ao anjo: Como posso ter certeza disso?» (Lc 1,18). O Arcanjo não cedeu à desconfiança de Zacarias e respondeu: «Eu sou Gabriel, e estou sempre na presença de Deus (...). E agora, ficarás mudo, sem poder falar até o dia em que estas coisas acontecerem, já que não acreditaste nas minhas palavras, que se cumprirão no tempo certo» (Lc 1,19-20). E assim aconteceu.
É Ele mesmo quem deseja “obrigar-se” conosco e deixar-se “prender” por nossa fé: «Eu vos digo: pedi e vos será dado; procurai e encontrareis; batei e a porta vos será aberta» (Lc 11,9). Ele é nosso Pai, e não quer negar nada do que convém aos seus filhos.
Entretanto, é necessário que lhe manifestemos confiantemente os nossos pedidos. A confiança e a conaturalidade com Deus requerem intimidade: para confiar em alguém é preciso conhecê-lo, e para conhecê-lo é necessário conviver com ele. Assim, «a fé faz brotar a oração, e a oração - enquanto brota - alcança a firmeza da fé» (Santo Agostinho). Não nos esqueçamos do louvor que mereceu Santa Maria: «Feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido!» (Lc 1,45).

Formação

A SABEDORIA DE DIMAS NO CALVÁRIO
Um diálogo expressivo entre dois crucificados

Dimas, o bom ladrão, foi de uma sabedoria impressionante lá no Calvário. Com efeito, ele não pediu nada determinadamente, mas assim se dirigiu a Cristo: “Lembra-te de mim quando vieres com teu reino”. Neste caso Ele nos ensina que é de Deus o dar e dar o que é melhor. Quando esperamos do Ser Supremo a graça, supomos que Sua liberalidade infinita pode nos amparar.
Quando, porém, não especificamos o que queremos honramos Sua sabedoria. Quantas vezes nos dirigimos a Deus mais exigindo do que pedindo.
Com Dimas deveríamos apenas apresentar o problema ao Todo-Poderoso e deixar a Ele a solução. Muitas vezes, o homem quer enquadrar Deus nos seus limitados esquemas mentais e, por isso, em vez de obter mais, recebe menos. Dimas solicitou apenas uma lembrança e ganhou o Paraíso! Impetrou uma recordação e foi envolvido numa absolvição geral de suas culpas. Observemos ainda que ele não determinou nem o dia nem a hora da reminiscência de Jesus: “Quando estiveres”, mas é logo atendido: “Hoje”.
Antes, a mãe dos filhos de Zebedeu pedira que Tiago e João estivessem assentados à direita e à esquerda do grande Rei. Dimas é bem mais modesto: quer apenas ser lembrado e tem a garantia do que mais devemos aspirar: ganhar um lugar no Paraíso!
Que diálogo foi mais expressivo do que este entre dois crucificados? Como um deles era o Senhor Onipotente uma cruz se transformou em altar; um pecador, em um santo; um proscrito em um eleito. Dimas forçou a primeira canonização da História com seu gesto de confiança e humildade, de arrependimento e santo desejo.
Dimas foi extremamente objetivo e com cinco ideias ele conquista o céu: “Lembra-te de mim quando vieres com teu reino”.
Estas cinco ideias expressas com cinco palavras o jogou nas cinco chagas redentoras de Nosso Senhor Jesus Cristo, portas gloriosas daquele reino que ele então brilhantemente conquista.
É impressionante esta conversão de Dimas porque, ao contrário de muitos, ele não presenciara os prodígios estupendos que Cristo fizera. Ele não estivera no Tabor contemplando as glórias do Transfigurado. Ele não vira Jesus andando sobre as águas. Ele não escutara a voz do Pai lá no Jordão nem ouvira o testemunho do Batista sobre o Cordeiro de Deus. Que surpresa! Os agraciados ausentaram-se, os amigos esconderam-se, as autoridades religiosas injuriam, soldados romanos martirizam, Cristo é condenado e desprezado e apenas um ladrão naquele instante o reconhece como Rei poderoso! Misterioso é sempre o encontro de Jesus com a alma do homem.
Poderosa a influência da graça no coração arrependido. Conversão admirável, pois Dimas aceita contrito o castigo em reparação de seus crimes: “Estamos pagando por nossos atos”. Faz um ato de fé, pois acredita na soberania do Divino Crucificado. Faz-se um pregador do bem, pois tenta converter a Gestas: “Não temes a Deus”?

Feliz Dimas que abriu as portas de seu coração à influição de um chamado celeste e depositou uma esperança em Jesus e Lhe arrebatou o perdão, ganhando a primeira indulgência plenária advinda do sacrifício redentor. Nas encruzilhadas da vida
Cristo continua Seus encontros com os filhos dos homens. Neles está sempre a repetir para os que O aceitam: “Hoje estarás comigo no Paraíso”. Cenas maravilhosas da adesão do ser racional à Sua redenção.
De todas as verdades teológicas e filosóficas uma das mais complexas é a conciliação da liberdade humana com a Onipotência e a Onisciência Divinas. O tratado da graça é um dos mais difíceis de toda a Teologia.

Regulando nossos destinos por um sistema de sabedoria que ultrapassa a capacidade cognoscitiva da razão humana, o Ser Supremo assiste o desenrolar dos atos do homem e só Ele sabe até que ponto pode chegar a malícia de cada um para fechar definitivamente as vias do perdão e da clemência.
Como o homem é livre ele pode, no encontro com Jesus, ou repetir o gesto de Dimas e conquistar o céu ou reeditar a postura de Gestas e não aceitar a salvação, desejando prosseguir no erro e nas trevas.
Um dia, assentado à beira de um poço, Cristo aguardou a Samaritana e a redimiu. Encontro sublime tantas vezes repetido em Sua passagem por este mundo, como ocorreu com Zaqueu, Mateus, Madalena e tantos outros. Tais encontros se prolongariam, século após século, por meio do mistério da graça divina a visitar as consciências. A milhares Ele está a reiterar a sentença gloriosa: “Hoje estarás comigo no Paraíso”.
Na estrada de Damasco alguém que odeia a Cristo se encontra frente a frente com Ele e, então, já não existe mais Saulo, mas o grande apóstolo Paulo. Foi isso que escutou Santo Agostinho, quando, por força das preces de sua santa mãe, Mônica, se voltou para Deus.
Do mesmo modo, nas trevas de uma existência trevosa, uma jovem de Cortona, na Itália, andava pelas sendas do mal. Ei-la um dia diante do cadáver de alguém que fora assassinado. Interroga-se: “Onde estará sua alma”? Converte-se e se torna Santa Margarida de Cortona.
Os fatos se multiplicam nas crônicas dos grandes convertidos que repetiram a atitude de Dimas. Nas agras regiões da vida, dificultadas pelos espinhos da culpa, devastadas pelas tempestades do pecado, ainda que perdido no mais profundo abismo de seus erros, sempre que, num gesto de confiança, alguém se voltar para Cristo com sincero arrependimento, imediatamente, ouvirá a palavra de paz, de conforto, de luz, de salvação, conquistando o Paraíso.

Estejamos, porém, alertas porque se Dimas viveu mal e morreu muito bem, os que contemplam os prodígios da Misericórdia Divina e se acham imersos nos favores celestes não podem facilitar, pois Cristo foi muito claro: “Vigiai, portanto, pois não sabeis o dia nem a hora” (Mt 25,13).


(Cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho -Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.)

"Como são belos entre as montanhas os pés do mensageiro que anuncia a felicidade, que traz as boas novas e anuncia a libertação, que diz a Sião: Teu Deus reina". (Isaías 52:7)

Santo do Dia

Santa Isabel de Portugal
Isabel nasceu na Espanha, em 1271. Entre seus antepassados estão muitos santos, reis e imperadores. Era filha de Pedro II, rei de Aragão, que, no entanto, era um jovem príncipe quando ela nasceu. Sem querer ocupar-se com a educação da filha, o monarca determinou que fosse cuidada pelo avô, Tiago I, que se convertera ao cristianismo e levava uma vida voltada para a fé. Sorte da pequena futura rainha, que recebeu, então, uma formação perfeita e digna no seguimento de Cristo.
Tinha apenas doze anos quando foi pedida em casamento por três príncipes, como nos contos de fadas. Seu pai escolheu o herdeiro do trono de Portugal, dom Dinis. Esse casamento significou para Isabel uma coroa de rainha e uma cruz de martírio, que carregou com humildade e galhardia nos anos seguintes de sua vida.
Isabel é tida como uma das rainhas mais belas das cortes espanhola e portuguesa; além disso, possuía uma forte e doce personalidade, era também muito inteligente, culta e diplomata. Ela deu dois filhos ao rei: Constância, que seria no futuro rainha de Castela, e Afonso, herdeiro do trono de Portugal. Mas eram incontáveis as aventuras extraconjugais do rei, tão conhecidas e comentadas que humilhavam profundamente a bondosa rainha perante o mundo inteiro.
Ela nunca se manifestava sobre a situação, de nada reclamava e a tudo perdoava, mantendo-se fiel ao casamento em Deus, que fizera. Criou os filhos, inclusive os do rei fora do casamento, dentro dos sinceros preceitos cristãos.
Perdeu cedo a filha e o genro, criando ela mesma o neto, também um futuro monarca. Não bastassem essas amarguras familiares, foi vítima das desavenças políticas do marido com parentes, e sobretudo do comportamento de seu filho Afonso, que tinha uma personalidade combativa. Depois, ainda foi caluniada por um cortesão que dela não conseguiu se aproximar. A rainha muito sofreu e muito lutou até provar inocência de forma incontestável.
Sua atuação nas disputas internas das cortes de Portugal e Espanha, nos idos dos séculos XIII e XIV, está contida na história dessas cortes como a única voz a pregar a concórdia e conseguir a pacificação entre tantos egos desejosos de poder. Ao mesmo tempo que ocupava o seu tempo ajudando a amenizar as desgraças do povo pobre e as dores dos enfermos abandonados, com a caridade da sua esmola e sua piedade cristã.
Ergueu o Mosteiro de Santa Clara de Coimbra para as jovens piedosas da corte, O mosteiro cisterciense de Almoste e o santuário do Espírito Santo em Alenquer. Também fundou, em Santarém, o Hospital dos Inocentes, para crianças cujas mães, por algum motivo, desejavam abandonar. Com suas posses sustentava asilos e creches, hospitais para velhos e doentes, tratando pessoalmente dos leprosos. Sem dúvida foi um perfeito símbolo de paz, do seu tempo.
Quando o marido morreu, em 1335, Isabel recolheu-se no mosteiro das clarissas de Coimbra, onde ingressou na Ordem Terceira Franciscana. Antes, porém, abdicou de seu título de nobreza, indo depositar a coroa real no altar de São Tiago de Compostela. Doou toda a sua imensa fortuna pessoal para as suas obras de caridade. Viveu o resto da vida em pobreza voluntária, na oração, piedade e mortificação, atendendo os pobres e doentes, marginalizados.
A rainha Isabel de Portugal morreu, em Estremoz, no dia 4 de julho de 1336. Venerada como santa, foi sepultada no Mosteiro de Coimbra e canonizada pelo papa Urbano VIII em 1665. Santa Isabel de Portugal foi declarada padroeira deste país, sendo invocada pelos portugueses como "a rainha santa da concórdia e da paz".

"Quando fize-res um voto a Deus, realiza-o sem delonga, porque aos insensatos Deus não é favorável. Portanto, cumpre teu voto. Mais vale não fazer voto, que prometer e não ser fiel à promessa. Não permitas a tua boca fazer pecar a tua carne, e não digas ao sacerdote isso foi apenas uma inadvertência, para não suceder que Deus se irrite com essas palavras". (Eclesiastes 5:3-5)