ESTER
O livro de Ester, cuja parte principal subsiste ainda em hebraico, contém uma série de suplementos escritos num grego assaz tardio. Para explicar de onde devem ter procedido esses suplementos, podemos pensar numa tradução independente do texto primitivo ou numa adição de data mais recente. São Jerônimo, quando traduziu a Bíblia para o Latim (fim do séc. IV da nossa era), colocou esses suplementos numa apêndice. A nossa tradução reproduz fielmente essa disposição, explicada nas notas que acompanham o texto.
O autor é desconhecido. Podemos supor que ele tenha vivido no fim do século IV a.C. O livro supõe a época persa, durante a qual os judeus eram dominados e oprimidos por estrangeiros. Lemos aí o célebre episódio do decretado morticínio dos judeus, frustrado pela intercessão da rainha Ester, ao qual se seguiu a tremenda vingança, cruel e violenta, da parte dos judeus. Depara-se nos também nesse livro esse misto de espírito de vingança e de grande elevação mental.
O autor parece ter querido inculcar o leitor, de um lado, a ideia de que Deus salva seu povo por meios inesperados e irrisórios; de outro lado, o intenso sentimento de patriotismo e de orgulho nacional. Poder-se-ia pensar mesmo numa verdadeira volta aquele nacionalismo fanático que se foi formado outrora com o crescente poderio político dos dois reinos de Israel e de Judá.
Na primeira parte do livro não ocorre nem uma única vez o nome de Deus, no suplemento, pelo contrário, essa ausência do nome divino é como que corrigida. Entretanto, a ação da Providência Divina faz-se sentir a cada passo na sucessão dos acontecimentos sempre favoráveis ao povo eleito e que deram lugar à instituição da festa nacional do Purim.
Trata-se, ainda aqui, da vingança, da violência e do orgulho nacional. O povo de Deus provou que tinha necessidade de uma redenção para aprender a colocar sua esperança em coisas mais altas.
No livro de Ester podemos ler com proveito:
· As duas orações de Mardoqueu e de Ester (Cap. 13-14).
· A intervenção de Ester junto ao rei Assuero (cap. 5-7).
***Amanhã falaremos dos livros do Macabeus***