segunda-feira, abril 02, 2012

Bíblia Sagrada


JEREMIAS

A pessoa do profeta Jeremias é atraente de um modo todo particular. Ao passo que os oráculos dos outros profetas pouco ou nada nos revelam sobre as pessoas dos seus autores, este livro, ao contrário, é cheio de episódios e de poemas que se relacionam com a própria pessoa do profeta, e nos conservam vários acontecimentos de sua carreira, bem como os seus sentimentos, suas lutas interiores, seus sofrimentos.

Nasceu Jeremias de uma família sacerdotal em Anatot, aldeia da Judéia, por volta de 650 a.C. O tempo de sua profecia estendeu-se por cerca de 40 anos, tomado ele a palavra pela primeira vez sobre Josias, em 622, na época em que foi descoberto no templo de Jerusalém um exemplar do livro da lei, identificado como Deuteronômio. Ele sustenta com toda a sua personalidade a reforma religiosa dessa época. Entretanto, essa mesma reforma foi de pouca duração, continuando o povo a queixar-se de Deus e do templo do Senhor e já não praticando a justiça de acordo com a lei.

A tarefa do profeta era austera: temperamento tímido e hesitante, coração ardente e sensível, Jeremias viu-se obrigado a ser, contudo, o “profeta das desgraças”. Esta sua missão tornou-se objeto de ira daqueles cujos abusos e pecados ele não cessava de combater. Foi caluniado, preso e correu risco de perder a vida. 

Acusavam-no de derrotismo, porque ele aconselhava aos que tinham escapado do primeiro sítio da cidade a não se revoltarem contra os caldeus, procurando asilo no Egito, o que traria consigo terrível repressão da parte dos vencedores. Ele predissera aos deportados um longo exílio de 70 anos. O rei destruiu o volume no qual estavam consignados esses oráculos. Prendem o profeta numa cidade com o fundo cheio de lodo, de onde ele é libertado por um escravo do rei. Jeremias, sempre destemido, apesar de seu caráter tímido, continua a prever a queda de Jerusalém, mas anuncia que haveria ainda uma esperança no porvir.

Quando esse desastre sobreveio, em 586, o profeta assistiu as deportações, ficando porém, com alguns pobres agricultores autorizados a permanecer na Palestina. Alguns deles, tomados de pânico, fogem para o Egito, levando-o consigo a força. Jeremias anuncia ainda a invasão do Egito e antevê e prediz o fim do Exílio. Morreu em Tafnés, no Egito, sem dúvida por volta do ano 586.

O sentido geral deste livro consiste na interpretação providencial da catástrofe nacional que ele anunciou e viveu: Deus, implacável juiz, serve-se da ruína de seu povo para leva-lo de acordo com um plano pré-estabelecido, ao perdão e a renovação da aliança, fruto da misericórdia e da graça.

A pessoa de Jeremias, símbolo do justo sofredor, reveste-se de excepcional importância. Tornou-se ele um prenúncio de Jesus Cristo, “o homem das dores, habituado ao sofrimento por causa dos pecados do seu povo”.

São as queixas diante das injustiças, de que ele foi vítima, que servem ainda hoje, nos ofícios religiosos da Semana Santa, para exprimir a dor e os sofrimentos internos do Divino Salvador.

Eis aqui algumas passagens de relevante importância:

  • ·         A vocação do profeta (cap. 1)
  • ·         Os oráculos contra os juízes infiéis (2 a 7)
  • ·         Contra a idolatria (10)
  • ·         Os sofrimentos e queixas do profeta (15, 18 a 20)
  • ·         As ações simbólicas (19 e 24)
  • ·         As promessas da restauração (30 e 33)
  • ·         O episódio da vida do profeta (36 a 44)

Reflita

"O Deus dos cristãos é o Deus da metamorfose: você joga sua dor em Seu colo e reencontra a paz; você joga seu desespero e reencontra a esperança." (Padre Pio de Pietrelcina)

Vídeo Especial

O tema do nosso vídeo de hoje é "O que é a Lectio Divina?"



Evangelho do Dia

JOÃO 12:1-11

1Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde morava Lázaro, que ele havia ressuscitado dos mortos. 2Ali ofereceram a Jesus um jantar; Marta servia e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele. 3Maria, tomando quase meio litro de perfume de nardo puro e muito caro, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com seus cabelos. A casa inteira ficou cheia do perfume do bálsamo.
4
Então, falou Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de entregar: 5“Por que não se vendeu este perfume por trezentas moedas de prata, para dá-las aos pobres?” 6Judas falou assim, não porque se preocupasse com os pobres, mas porque era ladrão; ele tomava conta da bolsa comum e roubava o que se depositava nela.
7
Jesus, porém, disse: “Deixa-a; ela fez isto em vista do dia da minha sepultura. 8Pobres, sempre os tereis convosco, enquanto a mim, nem sempre me tereis”.
9
Muitos judeus, tendo sabido que Jesus estava em Betânia, foram para lá, não só por causa de Jesus, mas também para verem Lázaro, que Jesus ressuscitara dos mortos. 10Então, os sumos sacerdotes decidiram matar também Lázaro, 11porque por causa dele, muitos deixavam os judeus e acreditavam em Jesus. 

Hoje, no Evangelho, apresentam-se-nos duas atitudes sobre Deus, Jesus Cristo e a própria vida. Perante a unção que Maria faz ao seu Senhor, Judas protesta: «Judas Iscariotes, um dos discípulos, aquele que entregaria Jesus, falou assim: «Por que este perfume não foi vendido por trezentos denários para se dar aos pobres?» (Jo 12,4-5). O que disse não é nenhuma barbaridade, estava de acordo com a doutrina de Jesus É muito fácil protestar perante o que os outros fazem, mesmo quando não se têm segundas intenções como no caso de Judas.

Qualquer protesto deve ser um ato de responsabilidade: ao protestar devemos pensar como seria se nós o tivéssemos feito, o que estamos dispostos a fazer. Caso contrário o protesto pode ser apenas —como neste caso— a queixa dos que atuam mal perante os que procuram fazer as coisas o melhor que conseguem.


Maria unge os pés de Jesus e seca-os com os seus cabelos, porque acredita ser o que deve fazer. É uma ação pintada de excelente magnanimidade: fê-lo tomando meio litro de perfume de nardo puro e muito caro» (Jo 12,3). É um ato de amor e, como todo o ato de amor, difícil de entender pelos que não o partilham. Creio que a partir daquele momento, Maria entendeu o que séculos mais tarde Santo Agostinho escreveria: «provavelmente, nesta terra, os pés do Senhor ainda estejam necessitados. Pois, quem, fora dos seus membros, disse: “Tudo o que fizerdes a um destes mais pequenos… é a mim que o fazeis? Vós gastais aquilo que vos sobra, mas fizestes o que é de agradecer aos meus pés».


O protesto de Judas não tem nenhuma utilidade, apenas leva à traição. A ação de Maria leva-a a amar mais ao seu Senhor e, como consequência, a amar mais os “pés” de Cristo que existem neste mundo.

Formação

O DOM DA GRATIDÃO
Descobrir o amor à partir da gratidão.

Imersos nos problemas do dia a dia ficamos presos às mais diversas situações que nos privam de uma vida autenticamente feliz. Quando deixamos os problemas e as tristezas nos aprisionarem ficamos perdidos em nós mesmos. Na maioria das vezes é um processo complexo de egoísmo, no qual nos fechamos em nossos próprios desertos espirituais. Muitas pessoas passam o dia com a janela de seu olhar fechada para as possibilidades da vida. Estão aprisionadas nas trevas daquilo que as impede de ser felizes verdadeiramente. Chega um momento na vida de toda pessoa em que ela precisa fazer uma opção: buscar a Luz do Sol de uma nova vida ou ficar presa à escuridão de uma noite que insiste em não terminar.

O ser humano sempre almeja ter sempre mais. Busca com todas as forças vencer na vida, e quando consegue atingir seus objetivos o vazio existencial que carrega em sua alma é ainda maior do que no início de suas buscas. É grande o número de pessoas que pensa conseguir a felicidade com suas próprias forças. Sempre ouvimos muitas pessoas reclamarem do vazio que carregam no coração. Têm tudo e, ao mesmo tempo, não têm nada. Falta-lhes o sentido verdadeiro que pode preencher todo o vazio existencial de uma vida, muitas vezes, sem sentido. Reconhecer que a alma tem sede de Deus é o primeiro passo para quem deseja recomeçar e encontrar no hoje da sua história uma vida repleta de beleza e sentido.

Nossas orações são movidas, na maioria das vezes, pelos pedidos. Pedimos muito e agradecemos pouco. Deixar de agradecer a Deus por tudo aquilo que Ele nos proporciona na vida é uma das maneiras de nos aprisionarmos em nosso egoísmo. O que é o egoísmo? É um hábito ou atitude de colocarmos nossos interesses e projetos em primeiro lugar. Mas é também nos colocarmos como o centro da vida. Quando isso acontece na vida perdemos o foco do essencial.

Tão importante quanto apresentarmos a Deus nossos pedidos e súplicas é o ato de agradecer a Ele por tudo o que nos concede. Agradecer sempre. O dom da gratidão liberta nosso coração de um egoísmo que nos prende em nós mesmos. O que agradecer? O nosso trabalho! Muitos acordam reclamando do trabalho! Felizes são aqueles que têm um trabalho que lhes permite levar o pão de cada dia à mesa. Muitos estão desesperados em busca de um emprego e não conseguem. Agradecer a Deus pelo pão que se tem na mesa. Enquanto muitos reclamam do arroz e feijão de cada dia, outros dormem com o estômago vazio, sem se alimentarem há dias. Agradecer ao Senhor os medicamentos que aliviam as dores! Quantos reclamam dos remédios que fazem uso.

Imaginemos a vida sem o remédio que alivia as dores! Agradecer sempre! Agradecer por mais um dia de vida, pela saúde, pela natureza que nos revela o cuidado de Deus para conosco! Em nossas orações precisamos desenvolver o dom da gratidão. É um processo libertador que vai, aos poucos, transformando nosso coração e o modo como olhamos a vida e os problemas. Quando nossas orações se tornam um momento importante do dia em que paramos para agradecer a Deus por tudo aquilo que Ele nos concede e concedeu, vamos libertando nosso coração do egoísmo que o estava prendendo por muito tempo. Desenvolver o dom da gratidão, por intermédio da oração, é uma maneira sempre nova de descobrirmos em nossa vida o amor de Deus para conosco!

Oração
Deus de amor e bondade, hoje quero Te agradecer pelo dom da vida e pelo trabalho que me possibilita levar o pão de cada dia à mesa de meus familiares. Agradeço-Te pela minha família, e pela presença daqueles que já estão junto de Ti, e que me ensinaram lições valiosas de amor ao próximo. Agradeço-Te pelos remédios que aliviam minhas dores e me trazem o conforto diante das dores do corpo. Agradeço-Te ainda pela Tua Palavra, que traz a vida verdadeira ao meu coração, sedento de Tua presença. Obrigado, Pai, por ser Luz nas noites escuras do meu egoísmo. Amém!
(Texto do Pe. Flavio Sobreiro)

Santo do Dia

São Francisco de Paula
 
Tiago era um simples lavrador que extraia do campo o sustento da família. Muito católico, tinha o costume de rezar enquanto trabalhava, fazia seguidos jejuns, penitências e praticava boas obras. Sua esposa chamava-se Viena e, como ele, era boa, virtuosa e o acompanhava nos preceitos religiosos. Demoraram a ter um filho, tanto que pediram a são Francisco de Assis pela intercessão da graça de terem uma criança, cuja vida seria entregue a serviço de Deus, se essa fosse sua vontade. E foi o que aconteceu: no dia 27 de março de 1416, nasceu um menino que recebeu o nome de Francisco, em homenagem ao Pobrezinho de Assis.

Aos onze anos, Francisco foi viver no convento dos franciscanos de Paula, dois anos depois vestiu o hábito, mas teve de retornar para a família, pois estava com uma grave enfermidade nos olhos. Junto com seus pais, pediu para que são Francisco de Assis o ajudasse a ficar curado. Como agradecimento pela graça concedida, a família seguiu em peregrinação para o santuário de Assis, e depois a Roma. Nessa viagem, Francisco recebeu a intuição de tornar-se um eremita. Assim, aos treze anos foi dedicar-se à oração contemplativa e à penitência nas montanhas da região.
Viveu por cinco anos alimentando-se de ervas silvestres e água, dormindo no chão, tendo como travesseiro uma pedra. Foi encontrado por um caçador, que teve seu ferimento curado ao toque das mãos de Francisco, que o acolheu ao vê-lo ferido.

Depois disso, começou a receber vários discípulos desejosos de seguir seu exemplo de vida dedicada a Deus. Logo Francisco de Paula, como era chamado, estava à frente de uma grande comunidade religiosa. Fundou, primeiro, um mosteiro e com isso consolidou uma nova ordem religiosa, a que deu o nome de "Irmãos Mínimos". As Regras foram elaboradas por ele mesmo. Seu lema era: "Quaresma perpétua", o que significava a observância do rigor da penitência, do jejum e da oração contemplativa durante o ano todo, seguida da caridade aos mais necessitados e a todos que recorressem a eles.

Milhares de homens decidiram abandonar a vida do mundo e foram para o mosteiro de Francisco de Paula, por isso teve de fundar muitos outros. A fama de seus dons de cura, prodígios e profecia chegou ao Vaticano, e o papa Paulo II resolveu mandar um comissário pessoalmente averiguar se as informações estavam corretas. E elas estavam, constatou-se que Francisco de Paula era portador de todos esses dons. Ele previu a tomada de Constantinopla pelos turcos, muitos anos antes que fosse sequer cogitada, assim como a queda de Otranto e sua reconquista pelos cristãos.

Diz a tradição que os poderosos da época tinham receio de suas palavras proféticas, por isso, sempre que Francisco solicitava ajuda para suas obras de caridade, era prontamente atendido. Quando não o era, ele dizia que não deviam esquecer que Jesus dissera que depois da morte eles seriam inquiridos sobre o tipo de administração que fizeram aqui na terra, e só essa lembrança era o bastante para receber o que havia pedido para os pobres.
Depois, o papa Sixto IV mandou que Francisco de Paula fosse à França, pois o rei, Luís XI, estava muito doente e desejava preparar-se para a morte ao lado do famoso monge. A conversão do rei foi extraordinária. Antes de morrer, restabeleceu a paz com a Inglaterra e com a Espanha e nomeou Francisco de Paula diretor espiritual do seu filho, o futuro Carlos VIII, rei da França.

Francisco de Paula teve a felicidade de ver a Ordem dos Irmãos Mínimos aprovada pela Santa Sé em 1506. Ele morreu aos noventa e um anos de idade, no dia 2 de abril de 1507, na cidade francesa de Plessis-les-Tours, onde havia fundado outro mosteiro. A fama de sua santidade só fez aumentar, tanto que doze anos depois, em 1519, o papa Leão X autorizou o culto de são Francisco de Paula, cuja festa litúrgica ocorre no dia de sua morte.



Obs: Hoje a igreja também celebra o dia de Santa Maria do Egito e São Abôndio