quarta-feira, março 28, 2012

Bíblia Sagrada


ECLESIÁSTICO

Esse livro leva, no texto grego, o título de Sabedoria de Jesus, filho de Sirac. Na igreja latina foi-lhe dado o nome de Eclesiástico, ou livro da Igreja, porque era utilizado com grande frequência na igreja, para instrução dos fiéis. A concepção da vida tal qual aparecem nessas páginas, baseia-se inteiramente nos mandamentos de Deus contidos na lei mosaica e aplicados a todas as manifestações da vida cotidiana.

O livro divide-se em duas grandes partes, com um epílogo e um duplo apêndice. A primeira parte divide-se por sua vez, em sete séries de sentenças, começando todas elas por um elogio a sabedoria. A segunda parte subdivide-se em duas seções, contendo a primeira um cântico de louvor à sabedoria divina, que resplandece em todas as suas obras, e descrevendo a segunda parte à sábia providência do mesmo Deus, como ela aparece nas grandes figuras da história de Israel.

Trata o autor todos os aspectos da vida humana: exortações aos maridos, às mulheres, aos pais, aos filhos, aos senhores, aos homens da lei, aos anciãos. Deparam-se nos ai pequenos tratados sobre a riqueza e sobre a pobreza, sobre o comércio e sobre a educação, sobre o modo de proceder em geral e em particular e sobre a hospitalidade. Ao lado de problemas importantes e profundos como o da retribuição do mal, lemos aí regras de boas maneiras e conselhos sobre o modo de assentar à mesa de um banquete. Todos esses assuntos são considerados sobre um ponto de vista religioso. Tudo procede da lei e dirige-se para a lei. O Eclesiástico apresenta, portanto, grandes semelhanças com o capítulo 6 dos Provérbios. Particularmente notáveis são os dois trechos líricos dos capítulos 24 e 42.

Apresenta-se o autor com o nome de Jesus, filho de Eleazar, filho de Sirac. Era um escriba originário de Jerusalém. Por essa razão, o livro do Eclesiástico muitas vezes é designado simplesmente pelo nome de Sirac.

Esse livro deve ter sido escrito no ano 200 a.C. Decorria então um período agitadíssimo, devido às disputas da Palestina por parte dos reis da Síria e do Egito. Por essa época, numerosos israelitas aderiam à cultura grega. Bem se pode comparar o primeiro capítulo do Primeiro Livro dos Macabeus com a introdução deste livro. O Sirácida defende o modo de viver conforme a lei nas múltiplas formas da vida social, religiosa e particular. Torna-se ele então um apelo vivo a fidelidade para com as tradições judaicas e um cântico de louvor à história de Israel, de acordo com os planos divinos. O autor considera sua obra como irradiação da sabedoria tradicional que a Providência suscitou em Israel. Manifesta a convicção de que alhures, pelo mundo além, não se pode encontrar uma sabedoria semelhante à do povo eleito, porque é entre esse povo que, por ordem de Deus, a sabedoria veio estabelecer-se.

O conjunto das exortações que aí lemos baseia-se nas normas da lei, no que elas contêm de eterno. Para todo os tempos conserva o seu imenso valor a descrição da criação divina, da sabedoria de Deus, de sua providência na direção dos povos e dos homens em geral. A estima da sabedoria, que excede todos os valores criados, não se liga a nenhum lugar, nem a tempo algum. A recomendação da virtude é a fuga do pecado, sob todas as suas formas, conserva pleno valor atual. Portanto, esse livro, depois de ter servido de espelho da vida de um israelita fiel, pode ser considerado um manual do homem bem-educado, formado na escola do evangelho.

O livro do Eclesiástico, tal como a Igreja cristã o encontrou na tradução grega em uso no tempo dos apóstolos , só foi incorporado muito mais tarde na coleção dos escritos inspirados, por essa razão os judeus e os protestantes não reconhecem a sua canonicidade.

O texto do Eclesiástico passou por várias alterações no decorre dos séculos. Perdeu-se o texto hebraico original. Entretanto, foram encontrados no final do século passado importantes fragmentos. O texto grego que possuímos é uma tradução feita pelo neto do autor, para pô-lo à disposição dos judeus egípcios, os quais na época em que ele escreveu já não conheciam o hebraico e o aramaico. O latim da vulgata muito se aproxima da versão grega e apresenta numerosas liberdade de tradução, diferindo, portanto, em muitos passos, do texto hebraico. Parece mesmo averiguado que o texto latino foi por vezes modificado num sentido cristão, muitas vezes ele foi glosado, sendo-lhe intercalados versículos inteiros. Nessa nossa tradução, pareceu-nos preferível ater-nos ao texto convencional latino, que em regra geral, é mais amplo que outras versões, sendo assim mais fácil tornar-se visíveis as tradições do tradutor latino, imprimindo-as em itálico (grifo).
“Três coisas são necessárias para a salvação do homem: saber o que deve crer, saber o que deve desejar, saber o que deve fazer” São Tomás de Aquino

Vídeo Especial

O tema do nosso vídeo de hoje é "Fim dos Tempos".



Evangelho do Dia

JOÃO 8:31-42

Naquele tempo, 31Jesus disse aos judeus que nele tinham acreditado: “Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, 32e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.
33
Responderam eles: “Somos descendentes de Abraão, e nunca fomos escravos de ninguém. Como podes dizer: ‘Vós vos tornareis livres’?”
34
Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade vos digo, todo aquele que comete pecado é escravo do pecado. 35O escravo não permanece para sempre numa família, mas o filho permanece nela para sempre. 36Se, pois, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres. 37Bem sei que sois descendentes de Abraão; no entanto, procurais matar-me, porque a minha palavra não é acolhida por vós. 38Eu falo o que vi junto do Pai; e vós fazeis o que ouvistes do vosso pai”.
39
Eles responderam então: “Nosso pai é Abraão”. Disse-lhes Jesus: “Se sois filhos de Abraão, praticai as obras de Abraão! 40Mas agora, vós procurais matar-me, a mim, que vos falei a verdade que ouvi de Deus. Isto, Abraão não o fez. 41Vós fazeis as obras do vosso pai”.
Disseram-lhe, então: “Nós não nascemos do adultério, temos um só pai: Deus”. 42Respondeu-lhes Jesus: “Se Deus fosse vosso Pai, certamente me amaríeis, porque de Deus é que eu saí, e vim. Não vim por mim mesmo, mas foi ele que me enviou”. 

Hoje quando estão faltando poucos dias para a Semana Santa, o Senhor pede-nos que lutemos para viver coisas concretas, pequenas, mas às vezes, não fáceis. Ao longo da reflexão as iremos explicando: basicamente trata-se de perseverar na sua palavra. Que importante é referir nossa vida sempre no Evangelho! Podemo-nos perguntar: que faria Jesus nesta situação que devo afrontar? Como trataria a esta pessoa que me custa especialmente? Qual seria a sua reação ante esta circunstancia? O cristão deve ser — segundo São Paulo— “outro Cristo”: «Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim» (Gl 2,20). O reflexo do Senhor na nossa vida de cada dia, Como é? Sou seu espelho?.

O Senhor assegura-nos que se perseveramos na sua palavra, conheceremos a verdade e, a verdade nos fará livres (cf. Jo 8,32). Dizer a verdade não sempre é fácil. Quantas vezes se nos escapam pequenas mentiras, dissimulamos, fazemos como se não ouvíssemos? Não podemos enganar a Deus. Ele vê-nos, nos contempla, nos ama e nos acompanha no nosso dia-a-dia. No oitavo mandamento ensina-nos que não podemos fazer falsos testemunhos, nem dizer mentiras, por pequenos que sejam, ainda que podem parecer insignificantes. Tampouco tem cabimento as mentiras “de piedade”. «Seja o vosso sim, sim, e o vosso não, não» (Mt 5,37), nos diz Jesus em outro momento. A liberdade, esta tendência ao bem, está muito relacionada com a verdade. Algumas vezes não somos suficientes livres porque na nossa vida há como um duplo fundo, não somos claros. Temos de ser contundentes. O pecado da mentira nos escraviza.


«Se Deus fosse vosso Pai, certamente me amaríeis» (Jo 8,42), diz o Senhor. Como se concreta nosso interesse diário por conhecer o Mestre? Com que devoção lemos o Evangelho, por pouco que seja o tempo de que dispomos? Que posso deixar na minha vida, no meu dia? Os que me veem poderiam dizer que leio a vida de Cristo? 

Formação

QUEREMOS VER JESUS
Faça a experiência com o Senhor.

Jesus, ao chegar a Jerusalém para a festa da Páscoa judaica, é aclamado pela multidão de peregrinos que acorrem à cidade para o cumprimento do preceito religioso de participação nessa festa. Entre esses peregrinos, encontram-se gregos que se dirigem a Filipe e manifestam o desejo de ver Jesus, o qual os atrai mais do que a própria festividade.

O Senhor, na ocasião de Seu batismo por João, disse a André e ao outro discípulo que o acompanhava, quando perguntaram a Ele onde Ele morava: “Vem e vê”.  Depois, o próprio Filipe, que já havia sido chamado por Jesus para segui-Lo, convidou também Natanael para o encontro com Cristo, com a mesma expressão: "Vem e vê". Agora são os gregos da região de Betsaida que se empenham para ver o Messias. "Ver" significa "conhecer", ter a experiência da presença e do diálogo, em um tempo de convívio e comunicação com Jesus. Filipe, diante do pedido dos gregos, diz isso a André, pois, assim como este e Pedro, ele também era de Betsaida, cidade de cultura grega.

Quando Filipe e André falam com Jesus, Ele lhes responde procurando remover qualquer equívoco. Está próximo o desenlace do Seu ministério de amor e dom de si, sem temer perseguições, ameaças e morte. A glória de Cristo não é o poder e o sucesso, mas o dom total de Sua vida no amor, a ser assumido também pelos discípulos. 

O dom da própria vida é o ato fecundo que gera mais vida, tanto naquele que se doa como naqueles que são tocados por seu amor. A vida é fruto do amor e ela será tanto mais pujante quanto maior for a plenitude do amor, no dom total.

A metáfora do grão sendo transformado exprime muito mais potencialidades do homem do que aquelas que lhe são conhecidas. O grão que desaparece para dar lugar à planta e ao fruto é a conversão de vida. É libertar a vida da submissão e escravidão aos interesses dos chefes deste mundo e colocá-la a serviço de Jesus, presente no nosso próximo. É alcançar a liberdade da vida eterna na prática do amor. Com o dom de si novas e surpreendentes potencialidades se revelam. A morte, sem ser um fim trágico, pode ser também o começo de uma vida nova, mais plena, já neste mundo. 

Morrer para os limites e valores impostos por uma cultura de consumo e opressão para viver livre na comunhão de amor e vida com os irmãos, particularmente os mais necessitados. Isso é servir Jesus, é assim que se manifesta a glória de Cristo e a glória do Pai. Quem não teme a própria morte confunde o opressor poderoso, chefe deste mundo, e conquista a liberdade, que tudo transforma pelo amor.
Viver é dar a vida, e tem-se a vida à medida que ela é dada.

(Texto do Padre Wagner Augusto Portugal - Vigário Judicial da Diocese da Campanha (MG))

Santo do Dia

São Xisto III
 
Xisto chegou a adotar uma posição neutra na controvérsia entre pelagianos e semipelagianos do sul da Gália, especialmente contra Cassiano, sendo advertido pelo papa Zózimo. Mas reconheceu o seu erro, com a ajuda de Agostinho, bispo de Hipona, que combatia arduamente aquela heresia, e que lhe escrevia regularmente.

Ao se tornar papa em 432, Xisto III agindo com bastante austeridade e firmeza, nesta ocasião, Agostinho teve de lhe pedir moderação. Foi assim, que este papa conseguiu o fim definitivo da doutrina herege. Esta doutrina pelagiana negava o pecado original e a corrupção da natureza humana. Também defendia a tese de que o homem, por si só, possuía a capacidade de não pecar, dispensando dessa maneira a graça de Deus.

Ele também conduziu com sabedoria uma ação mais conciliadora em relação a Nestório, acabando com a controvérsia entre João de Antioquia e Cirilo, patriarca de Constantinopla, sobre a divindade de Maria. Em seguida, demonstrou a sua firme autoridade papal na disputa com o patriarca Proclo. Xisto III teve de escrever várias epístolas para manter o governo de Roma sobre a lliría, contra o imperador do Oriente que queria torná-la dependente de Constantinopla, com a ajuda deste patriarca.

Depois do Concílio de Éfeso em 431, em que a Mãe de Jesus foi aclamada Mãe de Deus, o papa Xisto III mandou ampliar e enriquecer a basílica dedicada à Santa Mãe das Neves, situada no monte Esquilino, mais tarde chamada Santa Maria Maior. Esta igreja é a mais antiga do Ocidente que foi dedicada a Nossa Senhora.

Desta maneira ele ofereceu aos fiéis um grande monumento ao culto da bem-aventurada Virgem Maria, à qual prestamos um culto de hiperdulia, ou seja, de veneração maior do que o prestado aos outros santos. Xisto III, mandou vir da Palestina as tábuas de uma antiga manjedoura, que segundo a tradição havia acolhido o Menino Jesus na gruta de Belém, dando origem ao presépio. Introduziu no Ocidente a tradição da Missa do Galo celebrada na noite de Natal, que era realizada em Jerusalém desde os primeiros tempos da Igreja.

Durante o seu pontificado, Xisto III promoveu uma intensa atividade edificadora, reformando e construindo muitas igrejas, como a exuberante basílica de São Lourenço em Lucina, na Itália.

Morreu em 19 de agosto de 440, deixando a indicação do sucessor, para aquele que foi um dos maiores papas dos primeiros séculos, Leão Magno. A Igreja indicou sua celebração para o dia 28 de março, após a última reforma oficial do calendário litúrgico.