JOSUÉ
Deve este livro seu nome ao general e sucessor de Moisés, cuja missão é ai relatada. Seu autor permanece desconhecido. A redação final deve ter sido feita na época dos reis, mediante documentos antiquíssimos, que, em parte, podem remontar até os próprios tempos de Josué.
Os acontecimentos que este livro nos narra parecem data do fim do século XIII a.C. Trata-se da lenta instalação dos israelitas na terra de Canaã. Apesar das derrotas, das privações e dos muitos obstáculos, o povo de Deus conserva inalterável esperança no cumprimento das promessas divinas.
As passagens principais são o episódio de Raab, a prostituta, recompensada por Deus pela assistência dada aos israelitas (cap. 2), a passagem do Jordão, assinalada por um prodígio comparável ao da travessia do mar vermelho (cap.3), a tomada de Jericó, relação que atraiu ao poder divino a vitória dos homens (cap. 6), a derrota diante de Hai, atribuída ao crime de Acã, e a consequente tomada dessa cidade (cap. 7 e 8).
A vitória de Josué em Gabaon merece particular menção por causa da célebre narração da parada do sol. Parece que devemos interpretar este texto, que aliás é uma citação tirada de uma antiga coleção de cânticos guerreiros, como uma espécie de figura de estilo poético, para exprimir o fervor da oração de Josué, ao mesmo tempo, a imediata graça, concedida por Deus, de alcançar a vitória antes do pôr-do-sol (cap. 10).
As narrações de Josué não se esforçam por silenciar ou por encobrir os costumes cruéis e brutais dos povos antigos, mais timbram principalmente em enaltecer o poder divino, mais forte do que o dos inimigos. Em numerosas passagens lemos menções à fidelidade de Deus. O povo de Deus, atualmente, tão bem como nos tempos de Josué, não pode subtrair-se as condições de existência que lhe foram traçadas. Ainda hoje guerras e lutas são inevitáveis para que os homens possam atingir sua verdadeira pátria, que é o reino dos céus.
As palavras de despedida de Josué já envelhecido (cap. 23 e 24) encerram um belo ensinamento de fidelidade, de gratidão e de confiança nas promessas divinas: “Apegai-vos, diz ele, ao Senhor que depôs em vosso proveito povos números e poderosos...Se acaso vos desagrada servir ao Senhor, escolhei neste dia a quem quereis servir, mais eu e minha casa serviremos ao Senhor”. A esta declaração, o povo responde: “Nós serviremos ao Senhor, nosso Deus e obedeceremos à sua voz”.
O livro dos Juízes demonstra quanto o povo foi infiel a esses compromissos e como a misericórdia divina não lhe faltou toda vez que esse mesmo povo se arrependia de seus desmandos.
***Amanhã falaremos sobre o livro de Juízes***