quinta-feira, março 10, 2011

Mártires

Hoje a Igreja celebra a memória dos 40 mártires da cidade de Sabaste na Armenia, mais antes de conhecer a história desses homens, vamos entender o que é um mártir.
A palavra Mártir significa testemunho. Mas testemunhar Cristo a ponto de morrer é tornar-se um com aquele que tornou a viver. O martírio cristão é uma experiência mística, a primeira atestada na história da Igreja. Ela é registrada bem no início pelo exemplo de Estêvão.
“Estêvão cheio do Espírito Santo, olhou para os céus e viu a glória de Deus, e Jesus de pé à direita de Deus; e ele disse: ‘vejo os céus abertos. E o Filho do Homem de pé à direita de Deus’. Em seguida eles o jogaram fora da cidade e o apedrejaram; enquanto o apedrejavam, ele rezava, ‘Senhor Jesus, receba meu espírito’. E se ajoelhou e clamou em alta voz, ‘Senhor, perdoai-lhes’. E enquanto dizia isto, ele adormeceu (Atos, 7, 55-60)”.

Visão da glória, rezar pelos executores. Quando a história completa seu ciclo e outra testemunha é levada à morte, esta mesma morte ‘abre os céus’ e permite que as energias do amor façam sua entrada no mundo.
O martírio foi a primeira forma de santidade a ser venerada na Igreja. E quando não houve mais mártires no sangue, mártires na ascese, vieram os monges por sua vez. Foram os monges que cunharam o dito que expressa o significado do martírio: ‘dê seu sangue e receba o Espírito’. O martírio retorna. Um mártir pode ser, à primeira vista, qualquer homem ou mulher. Mas quando eles são esmagados pelo sofrimento eles são identificados com o Cristo Crucificado, e o poder da ressurreição toma posse deles. Para o cristão autêntico a morte não existe. Ele se lança no Cristo Ressuscitado. Nele a morte é uma celebração da vida.

Bom agora que já deu pra gente entender um pouquinho o que é uma mártir, vou postar pra vocês a linda história destes 40 mártires da Armenia.

Os quarenta santos mártires de Sebaste
O martírio dos quarenta legionários ocorreu no ano 320, em Sebaste, na Armênia. Nessa época foi publicada na cidade uma ordem do governador Licínio, grande inimigo dos cristãos, afirmando que todos aqueles que não oferecessem sacrifícios aos deuses pagãos seriam punidos com a morte. Contudo se apresentou diante da autoridade uma legião inteira de soldados, afirmando serem cristãos e recusando-se a queimar incenso ou sacrificar animais. Para testar até onde ia a coragem dos soldados, o prefeito local mandou que fossem presos e flagelados com correntes e ferros pontudos.
De nada adiantou o castigo, pois os quarenta se mantiveram firmes em sua fé. O comandante os procurou então, dizendo que não queria perder seus mais valorosos soldados, pedindo que renegassem sua fé. Também de nada adiantou e os legionários foram condenados a uma morte lenta e extremamente dolorosa. Foram colocados, nus, num tanque de gelo, sob a guarda de uma sentinela. A região atravessava temperaturas muito baixas, de frio intenso. Ao lado havia uma sala com banhos quentes, roupas e comida para quem decidisse salvar a vida. Mas eles preferiram salvar a alma e ninguém se rendeu durante três dias e três noites.
Foi na terceira e última noite que aconteceram fatos prodigiosos e plenos de graça. No meio da gélida madrugada, o sentinela viu uma multidão de anjos descer dos céus e confortar os soldados. Isto é, confortar trinta e nove deles, pois um único legionário desistira de enfrentar o frio e se dirigira à sala de banhos. Morreu assim que tocou na água quente. Por outro lado, o sentinela que assistira à chegada dos anjos se arrependeu de estar escondendo sua condição religiosa, jogou longe as armas, ajoelhou-se, confessou ser cristão tirando as roupas e se juntou aos demais. Morreram quase todos congelados.
Apenas um deles, bastante jovem, ainda vivia quando os corpos foram recolhidos e levados para cremação. A mãe desse jovem soldado, sabendo do que sentia o filho, apanhou-o no colo e seguiu as carroças com os cadáveres. O legionário morreu em seus braços e teve o corpo cremado junto com os companheiros.
Eles escreveram na prisão uma carta coletiva, que ainda hoje se conserva nos arquivos da Igreja e que cita os nomes de todos. Eis todos os mártires: Acácio, Aécio, Alexandre, Angias, Atanásio, Caio, Cândido, Chúdio, Cláudio, Cirilo, Domiciano, Domno, Edélcion, Euvico, Eutichio, Flávio, Gorgônio, Heliano, Helias, Heráclio, Hesichio, João, Bibiano, Leôncio, Lisimacho, Militão, Nicolau, Filoctimão, Prisco, Quirião, Sacerdão, Severiano, Sisínio, Smaragdo, Teódulo, Teófilo, Valente, Valério, Vibiano e Xanteas.

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