quarta-feira, agosto 10, 2011

Aprendendo

O tema do nosso Aprendendo de hoje é "Concilio Vaticano II".

Os concílios, são reuniões de dignidades eclesiásticas e de teólogos, são um esforço comum da Igreja, ou parte da Igreja, para a sua própria preservação e defesa, ou guarda e clareza da Fé e da doutrina. No caso do Concílio Vaticano II, a necessidade de defesa se fez de modo universal, porque as situações contemporâneas de proporções globais abalaram a Igreja. Isto fez com que a autoridade universal da Igreja, na pessoa do Papa, se encontra persuadida a convocar um concílio universal ou ecumênico. A força do Concílio não reside nos bispos ou em outros eclesiásticos, mas sim no Papa, como pastor universal que declara algo como sendo próprio das Verdades reveladas (e, por isso, implica a obediência dos católicos). Fora disso, o Concílio tem apenas poder sinodal. Porém, quando o concílio está em comunhão com o Papa, e se o Papa falasse solenemente (ex cathedra) de matérias relacionadas com a fé e a moral, o episcopado plenamente reunido torna-se também infalível.

O Concílio Vaticano II (CVII), XXI Concílio Ecumênico da Igreja Católica, foi convocado no dia 25 de Dezembro de 1961, através da bula papal "Humanae salutis", pelo Papa João XXIII. Este mesmo Papa inaugurou-o, a ritmo extraordinário, no dia 11 de Outubro de 1962. O Concílio, realizado em 4 sessões, só terminou no dia 8 de Dezembro de 1965, já sob o papado de Paulo VI.
Nestas quatro sessões, mais de 2 000 Prelados(Padres Conciliares) convocados de todo o planeta discutiram e regulamentaram vários temas da Igreja Católica. As suas decisões estão expressas nas 4 constituições, 9 decretos e 3 declarações elaboradas e aprovadas pelo Concílio. Apesar da sua boa intenção em tentar "atualizar a Igreja", os resultados deste Concílio, para alguns estudiosos, ainda não foram totalmente entendidos nos dias de hoje, enfrentando por isso vários problemas que perduram. Para muitos estudiosos, é esperado que os jovens teólogos dessa época, que participaram do Concílio, salvaguardem a sua natureza; depois de João XXIII, todos os Papas que o sucederam até Bento XVI, inclusive, participaram do Concílio ou como Padres conciliares ou como consultores teológicos (ou peritos).

  • PORQUE FOI NECESSÁRIA A CONVOCAÇÃO DO CONCILIO?
Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a Cúria Romana "encontrava-se em franco processo de estagnação" e vários dos seus elementos mais tradicionais condenaram as novas tendências teológicas mais progressistas. Em 1950, o Papa Pio XII, na sua encíclica Humani Generis, chegou mesmo a alertar para os possíveis desvios "neo-modernistas" da Nouvelle Theologie. Enquanto que tudo isso aconteça, os bispos de todo o mundo tiveram que enfrentar novos problemas originados por drásticas mudanças políticas, sociais, economicas e tecnológico-científicas. É neste ambiente paradoxal, quer ao nível interno quer ao nível externo da Igreja, que muitos católicos sentiram a necessidade de a Igreja encontrar uma nova postura para enfrentar o mundo moderno.

E é também neste ambiente que o Papa João XXIII sentiu a necessidade urgente de convocar o Concílio Vaticano II. Aliás, "a idéia de um Concílio já havia sido pensada por Pio XI e mesmo por Pio XII, mas sem grandes sucessos em sua realização". João XXIII, "temendo um novo desastre, como foi o da Reforma Protestante", decidiu realizar este Concílio a todo o custo. Esta sua intenção foi anunciada por ele no dia 25 de Janeiro de 1959, causando uma grande surpresa dentro da Cúria Romana e até dentro da Igreja Católica. Em Junho de 1960, através do motu proprio Superno Dei nutu, teve oficialmente início a preparação do Concílio. Passado apenas um ano, no Natal de 1961, João XXIII convocou oficialmente o Concílio para o ano seguinte (1962), através da bula papal "Humanae salutis". Esta convocação era "uma decisão totalmente pessoal do Papa, contrariando as opiniões de alguns cardeais, que pretendiam seu adiamento, em vista de uma melhor preparação".

  • OBJETIVO DO CONCILIO.

O objectivo do Concílio é discutir a ação da Igreja nos tempos atuais, ou seja, a sua finalidade é "promover o incremento da fé católica e uma saudável renovação dos costumes do povo cristão, e adaptar a disciplina eclesiástica às condições do nosso tempo" e do mundo moderno. Por outras palavras, o Concílio pretende o aggiornamento (atualização e abertura) da Igreja.

O Papa João XXIII "imaginava o Concílio como um «novo Pentecostes» [...]; uma grande experiência espiritual que reconstituiria a Igreja Católica" não apenas como instituição, mas sim "como um movimento evangélico dinâmico [...]; e uma conversa aberta entre os bispos de todo o mundo sobre como renovar o Catolicismo como estilo de vida inevitável e vital".

Por esta razão, ao contrário dos concílios ecuménicos anteriores, preocupados mais em condenar heresias e em definir verdades de fé e de moral, o Concílio Vaticano II "teve como orientação fundamental a procura de um papel mais participativo para a fé católica na sociedade, com atenção para os problemas sociais e econômicos". Aliás, o próprio Papa João XXIII teve o cuidado de mencionar a diferença e a especificidade deste Concílio: "a Igreja sempre se opôs a [...] erros; muitas vezes até os condenou com a maior severidade. Agora, porém, a esposa de Cristo prefere usar mais o remédio da misericórdia do que o da severidade. Julga satisfazer melhor às necessidades de hoje mostrando a validez da sua doutrina do que renovando condenações".

Logo, o Concílio não visava condenar heresias nem alterar ou proclamar nenhum dogma novo. O Concílio apenas queria dar uma nova orientação pastoral à Igreja e uma nova forma de apresentar e explicar os dogmas católicos ao mundo moderno, mas sempre fiel à Tradição. O próprio Papa João XXIII afirmou que "o que mais importa ao Concílio Ecumênico é o seguinte: que o depósito sagrado da doutrina cristã seja guardado e ensinado de forma mais eficaz". Para satisfazer esta sua intenção, o Papa queria ardentemente que a Igreja mudasse de mentalidade, para poder melhor enfrentar e acompanhar as transformações do mundo moderno.

Pelas palavras da constituição Sacrosanctum Concilium, o "Concílio propõe-se fomentar a vida cristã entre os fiéis, adaptar melhor às necessidades do nosso tempo as instituições susceptíveis de mudança, promover tudo o que pode ajudar à união de todos os crentes em Cristo, e fortalecer o que pode contribuir para chamar a todos ao seio da Igreja".

  • PARTICIPANTES
No dia 11 de Outubro de 1962, o Concílio Vaticano II, idealizado pelo Papa João XXIII, "teve seus trabalhos oficialmente inaugurados, contando com a presença de 2.540 padres conciliares ou prelados, número este inédito para a História da Igreja: 1060 europeus (dos quais 423 italianos, 144 franceses, 87 espanhóis, 59 poloneses, 29 portugueses...), 408 asiáticos, 351 africanos, 416 da América do Norte, 620 da América Latina e 74 da Oceânia". Mas, mesmo assim, "estavam ainda ausentes do Concílio muitos bispos de dioceses que viviam sob regimes autoritários", na sua maioria de ideologia comunista. "O número de participantes variou muito de acordo com as sessões, nunca porém estando abaixo de 80% do total de padres conciliares".

  • RESULTADOS POSITIVOS.

Entre várias decisões conciliares, destacam-se as renovações na constituição e na pastoral da Igreja, que passou a ser mais alicerçada na igual dignidade de todos os fiéis e a ser mais virada e aberta para o mundo. Além disso, reformou-se também a Liturgia, onde a Missa de rito romano foi simplificada e passou a ser celebrada em língua vernacular.

Foi clarificado a relação entre a Revelação divina e a Tradição e foi também impulsionado a liberdade religiosa, uma nova abordagem ao mundo moderno, o ecumenismo, uma relação de tolerância com os não-cristãos e o apostolado dos leigos.

O Concílio não proclamou nem alterou nenhum dogma, mas as suas orientações doutrinais, pastorais e práticas são de extrema importância para a Igreja actual.

  • DECRETOS E DECLARAÇÕES

  • Ad Gentes: actividade missionária
  • Apostolicam Actuositatem: apostolado dos leigos
  • Christus Dominus: Bispos
  • Inter Mirifica: comunicação social
  • Optatam Totius: formação sacerdotal
  • Orientalium Ecclesiarum: Igrejas orientais católicas
  • Perfectæ Caritatis: renovação da vida consagrada
  • Presbyterorum Ordinis: vida dos presbíteros
  • Unitatis Redintegratio: ecumenismo


Declarações:

  • Dignitatis Humanæ: liberdade religiosa
  • Gravissimum Educationis: educação cristã e digna
  • Nostra Ætate: relação com os não-cristãos 

  • RESULTADOS NEGATIVOS.
Após o Concílio o Papa Paulo VI que era muito otimista em relação ao Concílio, disse que misteriosamente a fumaça de satanás entrou dentro da Igreja, porque ocorreu um fato chamado Hermeneutica de Ruptura as pessoas achavam que uma coisa era a fé antes do Concílio e outra coisa depois do Concílio, muita gente ficou perdida porque qualquer coisa que perguntavam tinham sempre a mesma resposta " Não, isso não vale mais, isso é de antes do Concílio". Os Padres não se vestiam mais como Sacerdotes, as Missas não eram mais celebradas em Latim, as Igrejas foram  modificadas, os altares e imagens retirados, etc.

  • CRIAÇÃO DO CIC
20 Anos após o Concílio, mediante a toda essa confusão que ainda pairava sobre o povo Cristão, o Papa João Paulo II convocou o Sínodo Extraordinário para concluir como estava a Igreja passados estes 20 anos.
Os Padre que estavam presentes pediram para que João Paulo II lhes desse um Catecismo para terem mais segurança sobre tudo o que havia sido definido no Concílio.
Então o Papa definiu uma equipe para ser responsável pela criação do Catecismo, equipe que tinha como um dos líderes na época o Cardeal Joseph Ratzinger, hoje Papa Bento XVI.
No dia 25 de Junho de 1992 o Catecismo foi aprovado pelo Papa João Paulo II.
No dia 07 de Dezembro de 1992 o Catecismo foi divulgado para toda a Igreja.
E em 1993 foi realizada a tradução para a língua portuguesa.


Bom Galera espero que vocês tenham gostado de conhecer um poquinho mais a fundo o que foi o Concílio Vaticano II, isso é parte da história da nossa Igreja que segue viva até hoje.
Deus abençoe!!!!

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