DEUTERONÔMIO
O quinto livro do Pentateuco é essencialmente religioso e jurídico. Deuteronômio significa segunda lei. (Com efeito, os capítulos 12 a 26 constituem uma repetição dos capítulos 20 a 23 do Êxodo).
Devemos considerar a sua redação final como posterior às demais relações e documentos do Pentateuco. O seu texto deve ter permanecido ignorado por muito tempo. Descoberto sob o reinado de Josias, em 622 a.C. num ádito no templo de Jerusalém, tornou-se a base de uma importante mudança religiosa e moral, depois de uma era de decadência e idolatria.
A doutrina do Deuteronômio é apresentada numa íntima ligação com a legislação anterior a Moisés, de onde se seguem uma verdadeira continuidade e uma íntima coerência no desenvolvimento da revelação em Israel.
Antes de tudo, sob a forma de introdução, lêem-se duas magníficas exortações a obediência, relativamente a Deus e à fidelidade às antigas leis da aliança.
Seguem-se três capítulos (4,5,6) de capital importância. Tornaram-se como que o verdadeiro catecismo israelita, que trata das questões do amor e da adoração a Deus bem como da caridade para com o próximo.
Em seguida, surge-nos o texto da segundo legislação religiosa relativa ao culto, às instituições administrativas, à vida social fundamentada na convicção de que o povo libertado por Deus da servidão do Egito, devia levar uma vida digna de tão excepcional benefício.
Enfim, o livro termina com dois maravilhosos discursos, que descrevem as bençãos divinas sobre os Israelitas fiéis e as maldições que atingirão os pecadores.
Num apêndice pode-se ler ainda a breve notícia da morte de Moisés, à qual é acrescentado um poema de encômios ao grande legislador.
O Deuteronômio é que nos transmite a pura religião de Israel. Ao lê-lo, encontramo-nos ante uma espécie de testamento espiritual desse homem cuja figura domina toda a história do povo hebreu. Aparece-nos ele aí todo impregnado do Espírito dos profetas posteriores, continuadores tanto de seu livro quanto de sua obra.
Com esse livro fecha-se a coleção do Pentateuco, esse conjunto de narrações, de exortações e de textos legais, que urge considerar, antes de tudo, como o testamento da fé em um Deus que quer reinar sobre a humanidade inteira, mas especificamente sobre o povo por ele escolhido, ao qual, como recompensa à sua fidelidade, promete a maior abundância de bênçãos.
***Amanhã falaremos sobre a ideia central do Pentateuco.***
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