JUÍZES
O livro dos Juízes, cujo autor é desconhecido, delineia a história do povo hebreu durante um período de cerca de 200 anos, desde a morte de Josué até meados do XI século antes de nossa era. Temos ai uma espécie de coleção de narrações épicas inspiradas nas ações heroicas de homens chamados Juízes. Esses homens foram, antes de tudo, chefes militares em épocas perigosas.
O livro dos Juízes, cujo autor é desconhecido, delineia a história do povo hebreu durante um período de cerca de 200 anos, desde a morte de Josué até meados do XI século antes de nossa era. Temos ai uma espécie de coleção de narrações épicas inspiradas nas ações heroicas de homens chamados Juízes. Esses homens foram, antes de tudo, chefes militares em épocas perigosas.
Surgiram no meio de diversas tribos que havia libertado, ao menos provisoriamente.
É um período de decadência política e religiosa. As tribos israelenses ainda não têm força bastante para impor-se no meio das populações cananeias e para resistir à pressão dos filisteus. Por outro lado, o povo vai se deixando seduzir pela vida fácil das nações vizinhas, cujos costumes grosseiros e práticas idolátricas vai adotando.
Cada uma dessas pequenas epopeias é-nos descrita em planos semelhantes entre si, nos quais se descobre um movimento em quatro tempos: “Os israelitas fizeram o mal diante dos olhos do Senhor. A ira do Senhor inflamou-se contra eles e entregou-os às mãos dos seus inimigos, pelos quais foram escravizados. Mas eles gritaram, recorrendo ao Senhor, que suscitou um libertador para livrá-los”. (3,7-9)
Dir-se-ia que a história é considerada aqui como uma verdadeira pedagogia divina: as desgraças são consideradas como um castigo, a libertação, como um perdão. Deus é o único Senhor e o único guia de seu povo.
Eis aqui algumas passagens mais notáveis:
• cap.2: em que se expõe a interpretação que se deve dar aos acontecimentos que em seguida se vão ler.
• Cap. 3: História de Otoniel e de Aod.
• Cap. 4: História de Débora, a profetiza e juíza.
• Cap. 6 a 8: História de Gideão.
• Cap. 9: O usurpador Abimelec.
• Cap. 11: A história decepcionante de Jefté, que nos demonstra que os heróis do povo de Deus, afinal de contas, não passam de simples homens e que este povo, embora escolhido por Deus, estava ainda inteiramente eivado de costumes bárbaros das nações vizinhas.
• Cap. 13 a 16: A história de Sansão, um homem eleito, mas desobediente, que enfrenta a paciência divina, ele não deixa de cumprir a missão à qual a graça o destinara, em virtude dessa mesma eleição, obtém que o castigo divino seja atenuado e que em último lugar triunfe a misericórdia.
O livro dos Juízes encerra, em apêndice, duas relações particularmente violentas e cruéis. Difícil nos é hoje situá-las com exatidão. A primeira parece ser posterior à época dos Juízes: é a história da fundação de um pequeno santuário idolátrico, uma espécie de Igreja dissidente. Esse episódio, assim como o seguinte, a violação do direito de hospitalidade por pessoas da tribo de Benjamim, dá lugar a sangrentas represálias, que não deixar de causar estranheza a um leitor pouco avisado. Trata-se de uma época em que ainda reinava a lei de Talião, na qual as tribos se insurgiam para vingar as injúrias feitas a indivíduos e unicamente à crueldade servia para reprimir os abusos os as infrações ao direito comum. Urge notar, entretanto, que a relação não termina por um castigo nem por uma exterminação, mais pela reintegração de Benjamim na federação das tribos de Israel, sinal de magnanimidade de perdão.
A leitura do livro dos Juízes prende o interesse dos leitores, apesar dos atos de barbarismos aí relatados por diversas vezes, testemunhando uma civilização primitiva e um senso moral ainda em vias de ser aperfeiçoado.
***Segunda falaremos sobre o livro de Rute***
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