ESDRAS – NEEMIAS
Estas duas obras primitivamente unidas, devem ser certamente atribuídas ao autor de Crônicas, das quais formam a sequência natural. Esses livros contêm diversos textos de arquivos, listas de recenseamento e documentos oficiais em aramaico e as memórias pessoais de Esdras e Neemias. Um estudo aprofundado do texto revela que a ordem cronológica nem sempre foi seguida a risca, e que necessário se torna inserir o livro de Neemias depois de Esdras 6,22.
O autor nos relata a restauração religiosa ocorrida quando Ciro, rei dos persas, autorizou, em 538, aos judeus deportados voltarem novamente à Judéia. Esse judeus, assim que se foram estabelecendo em Jerusalém, começaram a reconstruir o templo. Mas a oposição dos vizinhos hostis impediu-os de restaurar as fortificações da cidade. Foi então nomeado e empossado em 445 um governador leigo, que teve de se esforçar para restaurar uma sociedade eivada de abusos religiosos (mormente muitos casamento entre judeus e pagãos) que constituíam grande perigo para a estabilidade da religião.
Foi nesse momento que interveio o sacerdote Esdras, personalidade cuja influência foi crescendo sempre mais. Por sua atividade ele conseguiu que sua lei Mosaica fosse novamente observada e que o culto fosse regulamentado e praticado, nomeadamente à questão dos casamentos mistos.
Pelo fim do período descrito nos livros de Esdras e Neemias (cerca de 400), a comunidade judaica de Jerusalém parece ter conquistado certa estabilidade: a aliança divina aparece então como reestabelecida, e os judeus, privados como então estavam da independência política, unem-se numa verdadeira comunidade religiosa.
Portanto, de uma nação política o povo eleito tornou-se uma Igreja, isso pelo efeito todo particular da escolha de Deus e em função da aliança sempre existente. Notava-se então verdadeiro despertar espiritual e moral. A partir daquele tempo a classe sacerdotal foi adquirindo uma influência sempre maior: o templo aos poucos centralizava a nação toda, o culto alcançou um lugar mais e mais preponderante na vida popular.
Assim foi que, pouco a pouco, o judaísmo foi apresentado aquela fisionomia toda particular, qual o conhecemos pelas narrações evangélicas. Os judeus insistiam na necessidade de um culto exterior de uma observância rigorosa da lei, e criaram assim aquele deplorável formalismo, repassado de hipocrisia religiosa, que é conhecido por nós pelo nome de farisaísmo.
Os fariseus eram homens que se tinham em conta de justos e de santos, unicamente pela observância literal dos ritos culturais e das regras exteriores da lei.
O capítulo 9 de Esdras, bem como a bela oração de Neemias (cap.1) são trechos encantadores que merecem ser lidos e meditados. Igualmente a narração da reconstrução do templo (4-6) e a oração de confissão dos pecados (9-10) são admiráveis.
***Segunda Feira falaremos sobre o livro de Tobias.***
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