sexta-feira, março 30, 2012

Bíblia Sagrada

Hoje começaremos a falar sobre os livros proféticos.

ISAÍAS

Isaías é considerado, em geral, como o maior dos profetas de Israel. Nascido por volta do ano 760, de uma família nobre do reino de Judá, foi chamado por Deus no ano de 740 ao ministério profético, que exerceu por cerca de 50 anos.

O livro de Isaías compõe-se de duas partes muito distintas. Os 39 primeiros capítulos, que contêm frequentes alusões a Isaías e ao seu tempo, são perfeitamente inteligíveis no ambiente dos acontecimentos dos reinados de Osias, de Joatão e de Acaz e de Ezequias (II Rs 15-20).

Os capítulos 40 a 66, ao contrário, supõem uma época muito diferente e posterior. Dirigir-se-ia então o profeta aos israelitas deportados, ou já reintegrados na sua pátria, como se ele viesse no meio deles. Tal é a opinião que presentemente prevalece entre os católicos. Entretanto, cumpre notar que a maioria dos exegetas, que se manifestaram até há poucos anos, opinava que também esses últimos capítulos deviam ser atribuídos ao próprio Isaías.

Seja qual for a solução do problema, urge que o leitor, que quer compreender com exatidão a segunda parte do livro, a leia à luz dos acontecimentos do exílio e da restauração de Israel.

Podemos considerar Isaías como o profeta da justiça. Insurge-se ele contra a idolatria e os abusos sociais que se alastravam no seu tempo, ele ameaça os ricos e os poderosos e eleva sua voz contra os hipócritas e todos aqueles que levavam vidas frívolas. Com grande veemência ele chama o povo ao arrependimento e a fé. Um terrível julgamento divino vai desencadear-se sobre Israel: as nações pagãs serão as executoras desse julgamento, mas também ela, por sua vez, serão castigadas e destruídas. Quanto a Israel, um “resto” será salvo. Todos esses oráculos estão impregnados da mais firme esperança num rei glorioso que há de vir e restaurar a ordem no mundo: o Messias, “o Príncipe da Paz”.

Na segunda parte do livro, Isaías apresenta-se como o profeta da consolação e da esperança. Deparasse-nos aí um conceito majestoso de Deus, o criador e soberano Senhor, vencedor do mundo, e salvador de seu povo. É principalmente notável a série de misteriosos poemas que se referem ao “servo do Senhor”. Não sabemos ao certo que figura daquele tempo é mencionada por esse enigmático personagem. Pensaram alguns em Ciro, rei dos persas, que reintegrou os israelitas a sua pátria, pretenderam outros interpretar esse passo como uma figura de escol do povo, esse “pequeno resto”, ao qual o profeta tantas vezes se refere. Mas a tradição cristã sempre descobriu nesses trechos uma belíssima imagem de Jesus Cristo: porque o “servo do Senhor” não é apenas um chefe dedicado e amante, um mediador, um salvador, mas é chamado também de o homem das dores, título aplicado por excelência a Jesus, que salvou seu povo pelos próprios sofrimentos.

O capítulo 53 de Isaías pode ser considerado como o auge da profecia: aí Deus se manifesta como jamais o tinha feito. Só mesmo o evangelho pode ser comparado a essa mensagem.

Quanto as profecias contra as nações pagãs, devemos notar: era uma ideia comum entre todos os profetas que os crimes do povo eleito seriam punidos por Deus. Senhor da história, Deus serve-se dos acontecimentos para dar uma lição aos homens. Assim é que os Assírios, depois os caldeus, os egípcios e os pequenos povos vizinhos da Palestina aparecem como os instrumentos da vingança divina. Entretanto, essas nações conquistadoras serão castigadas por Deus a seu tempo e cairão sob os golpes de outras mais poderosas que elas. Serão totalmente destruídas quando aparecer o Messias. A Igreja cristã interpreta esses passos em relação a conquista das nações, que só será realizada plenamente no fim dos tempos, por ocasião da volta gloriosa de Jesus Cristo.

Entre as passagens mais célebres de Isaías notemos as seguintes: 

  • ·         Censura a Jerusalém (caps. 1 a 5)
  • ·         Vocação do Profeta (cap. 6)
  • ·         O reino do Messias (caps. 9 e 11)
  • ·         Cântico dos resgatados (cap. 26)
  • ·         Felicidade dos tempos messiânicos (cap.36)
  • ·         Anúncio da libertação (cap. 40)
  • ·         O servo do Senhor (caps. 42-55)
  • ·         A glória da nova Jerusalém (caps. 60 e 61)
  • ·         Orações no tempo da Angústia (caps. 62 a 64).

Reflita

A SANTIDADE É FAZER A VONTADE DE DEUS COM UM SORRISO NO ROSTO." (MADRE TEREZA DE CALCUTÁ)

Vídeo Especial

O tema do nosso vídeo de hoje é "Teologia da prosperidade".



Evangelho do Dia

JOÃO 10:31-42

Naquele tempo, 31os judeus pegaram pedras para apedrejar Jesus. 32E ele lhes disse: “Por ordem do Pai, mostrei-vos muitas obras boas. Por qual delas me quereis apedrejar?”
33
Os judeus responderam: “Não queremos te apedrejar por causa das obras boas, mas por causa de blasfêmia, porque sendo apenas um homem, tu te fazes Deus!” 34Jesus disse: “Acaso não está escrito na vossa Lei: ‘Eu disse: vós sois deuses’?
35
Ora, ninguém pode anular a Escritura: se a Lei chama deuses as pessoas às quais se dirigiu a palavra de Deus, 36por que então me acusais de blasfêmia, quando eu digo que sou Filho de Deus, eu a quem o Pai consagrou e enviou ao mundo? 37Se não faço as obras do meu Pai, não acrediteis em mim. 38Mas, se eu as faço, mesmo que não queirais acreditar em mim, acreditai nas minhas obras, para que saibais e reconheçais que o Pai está em mim e eu no Pai”.
39
Outra vez procuravam prender Jesus, mas ele escapou das mãos deles. 40Jesus passou para o outro lado do Jordão, e foi para o lugar onde, antes, João tinha batizado. E permaneceu ali. 41Muitos foram ter com ele, e diziam: “João não realizou nenhum sinal, mas tudo o que ele disse a respeito deste homem, é verdade”. 42E muitos, ali, acreditaram nele. 

Hoje sexta-feira, quando falta só uma semana para comemorar a morte do Senhor, o Evangelho nos apresenta os motivos de sua condena. Jesus tenta mostrar a verdade, mas os judeus o têm por blasfemo e réu de lapidação. Jesus fala das obras que realiza. Obras de Deus que o acreditam, de como pode dar-se a si mesmo o título de “Filho de Deus”... No entanto, fala desde umas categorias difíceis de entender para seus adversários: “estar com a verdade”, “escutar sua voz”...; fala-lhes desde o seguimento e o compromisso com sua pessoa que fazem com que Jesus seja conhecido e amado —«Jesus virou-se para trás, e vendo que o seguiam, perguntou: «O que é que vocês estão procurando?» Eles disseram: «Rabi (que quer dizer Mestre), onde moras?» (Jn 1,38)—. Mas tudo parece inútil: é tão grande o que Jesus tenta dizer que eles não podem entender, somente poderão compreender os pequenos e simples, porque o Reino está escondido aos sábios e entendidos.

Jesus luta por apresentar argumentos que possam ser aceitos, mas a tentativa é em vão. No fundo, morrerá por dizer a verdade sobre si mesmo, por ser fiel a si mesmo, à sua identidade e à sua missão. Como profeta, apresentará um chamado à conversão e será rejeitado, um novo rosto de Deus e será esculpido, uma nova fraternidade e será abandonado.


Novamente se levanta a Cruz do Senhor com toda sua força como estandarte verdadeiro, como única razão indiscutível: «Oh admirável virtude da santa cruz! Oh inefável gloria do Pai! Nela podemos considerar o tribunal do Senhor, o juízo do mundo e o poder do crucificado. Oh, sim, Senhor: atraíste a ti todas as coisas quando, A cada dia eu estendia a mão para um povo desobediente (cf. Is 65,2), o universo inteiro compreendeu que devia render homenagem a tua majestade!» (São Leão Magno). Jesus fugirá ao outro lado do Jordão e quem realmente acredita Nele o buscará ali dispostos a segui-lo e a escutá-lo.

Sacramentos

O SACRAMENTO DO MATRIMÔNIO
Uma via de santidade

O sacramento do Matrimônio e o da Ordem são chamados sacramentos a serviço da comunhão e da missão, por conferirem uma graça especial para a missão particular na Igreja com relação à edificação do povo de Deus, contribuindo em especial para a comunhão eclesial e para a salvação dos outros. O homem e a mulher foram criados por Deus com uma igual dignidade como pessoas humanas e, ao mesmo tempo, numa complementaridade recíproca como masculino e feminino. Deus quis que fossem um para o outro, para uma comunhão de pessoas. Juntos são também chamados a transmitir a vida humana, formando no matrimônio uma só carne (cf. Gn 2, 24).

O Matrimônio participa desta dinâmica de serviço para a santificação. O Senhor, que é amor e criou o homem por amor, chamou-o a amar. Ao criar o homem e a mulher, chamou-os, no Matrimônio, a uma íntima comunhão de vida e de amor entre si, de modo que já não são dois, mas uma só carne (cf. Mt 19,6). Abençoando-os, Deus disse-lhes que fossem fecundos e se multiplicassem (cf. Gn 1,28).

Esse sacramento se realiza diante de uma promessa entre um homem e uma mulher, prestada diante de Deus e da Igreja, aceita e selada pelo Senhor e concluída pela união corporal do casal. Porque é o próprio Altíssimo quem dá o laço do Matrimônio sacramental e o mantém unido até a morte de um dos consortes. São necessários três elementos para a realização do Matrimônio: o consentimento, a concordância com uma união por toda a vida e apenas com o consorte, e por fim, a abertura aos filhos. Sendo a mais profunda a consciência do casal de que são uma imagem viva do amor entre Cristo e a Igreja.

O sacramento do Matrimônio gera entre os cônjuges um vínculo perpétuo e exclusivo. O próprio Deus sela o consentimento dos esposos. Primeiro, porque corresponde à essência do amor se entregar mutuamente sem reservas. Depois, porque ele é imagem da incondicional fidelidade de Deus à Sua criação. Finalmente, porque ele representa a entrega de Cristo à sua Igreja até à morte de cruz.

Portanto, o Matrimônio concluído e consumado entre batizados não pode ser dissolvido. Esse sacramento confere também aos esposos a graça necessária para alcançar a santidade na vida conjugal e para o acolhimento responsável dos filhos e a sua educação. A união matrimonial é, muitas vezes, ameaçada pela discórdia e pela infidelidade por causa do  pecado original, que provocou também a ruptura da comunhão do homem e da mulher, dada pelo Criador. Todavia Deus, na Sua infinita misericórdia, dá ao homem e à mulher a Sua graça para que possam realizar a união das suas vidas segundo o desígnio originário d'Ele.

O adultério e a poligamia são pecados gravemente contrários ao sacramento do Matrimônio porque estão em contradição com a igual dignidade do homem e da mulher e com a unicidade e exclusividade do amor conjugal; assim como a rejeição à fecundidade, que priva a vida conjugal do dom dos filhos; e o divórcio, que se opõe à indissolubilidade. A fidelidade absoluta no Matrimônio, mais do que ser um testemunho do esforço humano, remete à fidelidade a Deus, que está presente, mesmo quando nós, na questão da fidelidade, O traímos e nos esquecemos d'Ele. A Igreja admite a separação física dos esposos quando, por motivos graves, a sua coabitação se tornou praticamente impossível, embora se deseje a reconciliação deles. Mas eles, enquanto o cônjuge viver, não estarão livres para contrair uma nova união, a menos que o Matrimônio seja nulo e como tal seja declarado pela autoridade eclesiástica.
 
Jesus Cristo não só restabelece a ordem inicial querida por Deus, como também dá a graça ao casal de viver o Matrimônio na nova dignidade de sacramento, que é o sinal do Seu amor esponsal pela Igreja: "Vós maridos amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja" (Ef 5,25). O Matrimônio não é uma obrigação para todos. Deus chama alguns homens e mulheres a seguir o Senhor Jesus mantendo-se virgens ou sendo celibatários pelo Reino dos céus, renunciando ao grande bem do Matrimônio para se preocuparem unicamente com as coisas do Senhor e para procurarem agradar-Lhe, tornando-se assim sinal do absoluto primado do amor de Cristo e da ardente esperança da Sua vinda gloriosa.

Tão grande é o valor desse sacramento que a família cristã é chamada de "Igreja doméstica" por manifestar e realizar a natureza de comunhão e família da Igreja como família de Deus. Cada membro, a seu modo, exerce o sacerdócio batismal, contribuindo para fazer da família uma comunidade de graça e de oração, escola das virtudes humanas e cristãs, lugar do primeiro anúncio da fé aos filhos.

Portanto, de acordo com a ordem de São Paulo os “Maridos, devem amar as mulheres, como Cristo amou a Igreja e Se entregou por ela” (Efésios 5, 25). Nesse lindo sacramento do Matrimônio o casal possui a oportunidade de se doar inteiramente um ao outro, entregando sua vida por amor, à semelhança do próprio Senhor. O beato João Paulo II definiu sabiamente o amor do casal celebrado nesse sacramento, para ele este dom é, acima de tudo, um assumir para si o futuro do outro como seu; esta é a via de santidade por meio do Matrimônio. Desta forma, casar-se significa confiar mais na ajuda de Deus que nas próprias reservas do amor, e certamente na fidelidade ao Senhor pelo sacramento o casal obtém a santificação um do outro pelo amor.

Santo do Dia

São João Clímaco
 
O Monte Sinai está historicamente ligado ao cristianismo. Foi o lugar indicado por Deus para entregar a Moisés as tábuas gravadas com os Dez Mandamentos. É uma serra rochosa e árida que, não só pela sua geografia, mas também pelo significado histórico, foi escolhida pelos cristãos que procuravam a solidão da vida eremítica.

Assim, já no século IV, depois das perseguições romanas, vários mosteiros rudimentares foram ali construídos por numerosos monges que se entregavam à vida de oração e contemplação. Esses mosteiros tornaram-se famosos pela hospitalidade para com os peregrinos e pelas bibliotecas que continham manuscritos preciosos. Foi neste ambiente que viveu e atuou o maior dos monges do Monte Sinai, João Clímaco.

João nasceu na Síria, por volta do ano 579. De grande inteligência, formação literária e religiosa, ainda muito jovem, aos dezesseis anos, optou pelo deserto e viajou para o Monte Sinai, tornando-se discípulo num dos mais renomados mosteiros, do venerável ancião Raiuthi. Isso aconteceu depois de renunciar a fortuna da família e a uma posição social promissora. Preferiu um cotidiano feito de oração, jejum continuado, trabalho duro e estudos profundos. Só descia ao vale para recolher frutas e raízes para sua parca refeição e só se reunia aos demais monges nos fins de semana, para um culto coletivo.

Sua fama se espalhou e muitos peregrinos iam procura-lo para aprender com seus ensinamentos e conselhos. Inicialmente eram apenas os que desejavam seguir a vida monástica, depois eram os fiéis que queriam uma benção do monge, já tido em vida como santo. Aos sessenta anos João foi eleito por unanimidade abade geral de todos os eremitas da serra do Monte Sinai.

Nesse período ele escreveu muito e o que dele se conserva até hoje é um livro importantíssimo que teve ampla divulgação na Idade Média, "Escada do Paraíso". Livro que lhe trouxe também o sobrenome Clímaco que, em grego, significa "aquele da escada". No seu livro ele estabeleceu trinta degraus necessários à subir para alcançar a perfeição da alma.

Trata-se de um verdadeiro manual, a síntese da doutrina monástica e ascética, para os noviços e monges, onde descreveu, degrau por degrau, todas as dificuldades a serem vividas, a superação da razão e dos sentidos, e que as alegrias do Paraíso perfeito serão colhidas no final dessa escalada, após o transito para a eternidade de Nosso Senhor Jesus Cristo.

João Clímaco morreu no dia 30 de março de 649, amado e venerado por todos os cristãos do mundo oriental e ocidental, sendo celebrado por todos eles no mesmo dia do seu falecimento.

quarta-feira, março 28, 2012

Bíblia Sagrada


ECLESIÁSTICO

Esse livro leva, no texto grego, o título de Sabedoria de Jesus, filho de Sirac. Na igreja latina foi-lhe dado o nome de Eclesiástico, ou livro da Igreja, porque era utilizado com grande frequência na igreja, para instrução dos fiéis. A concepção da vida tal qual aparecem nessas páginas, baseia-se inteiramente nos mandamentos de Deus contidos na lei mosaica e aplicados a todas as manifestações da vida cotidiana.

O livro divide-se em duas grandes partes, com um epílogo e um duplo apêndice. A primeira parte divide-se por sua vez, em sete séries de sentenças, começando todas elas por um elogio a sabedoria. A segunda parte subdivide-se em duas seções, contendo a primeira um cântico de louvor à sabedoria divina, que resplandece em todas as suas obras, e descrevendo a segunda parte à sábia providência do mesmo Deus, como ela aparece nas grandes figuras da história de Israel.

Trata o autor todos os aspectos da vida humana: exortações aos maridos, às mulheres, aos pais, aos filhos, aos senhores, aos homens da lei, aos anciãos. Deparam-se nos ai pequenos tratados sobre a riqueza e sobre a pobreza, sobre o comércio e sobre a educação, sobre o modo de proceder em geral e em particular e sobre a hospitalidade. Ao lado de problemas importantes e profundos como o da retribuição do mal, lemos aí regras de boas maneiras e conselhos sobre o modo de assentar à mesa de um banquete. Todos esses assuntos são considerados sobre um ponto de vista religioso. Tudo procede da lei e dirige-se para a lei. O Eclesiástico apresenta, portanto, grandes semelhanças com o capítulo 6 dos Provérbios. Particularmente notáveis são os dois trechos líricos dos capítulos 24 e 42.

Apresenta-se o autor com o nome de Jesus, filho de Eleazar, filho de Sirac. Era um escriba originário de Jerusalém. Por essa razão, o livro do Eclesiástico muitas vezes é designado simplesmente pelo nome de Sirac.

Esse livro deve ter sido escrito no ano 200 a.C. Decorria então um período agitadíssimo, devido às disputas da Palestina por parte dos reis da Síria e do Egito. Por essa época, numerosos israelitas aderiam à cultura grega. Bem se pode comparar o primeiro capítulo do Primeiro Livro dos Macabeus com a introdução deste livro. O Sirácida defende o modo de viver conforme a lei nas múltiplas formas da vida social, religiosa e particular. Torna-se ele então um apelo vivo a fidelidade para com as tradições judaicas e um cântico de louvor à história de Israel, de acordo com os planos divinos. O autor considera sua obra como irradiação da sabedoria tradicional que a Providência suscitou em Israel. Manifesta a convicção de que alhures, pelo mundo além, não se pode encontrar uma sabedoria semelhante à do povo eleito, porque é entre esse povo que, por ordem de Deus, a sabedoria veio estabelecer-se.

O conjunto das exortações que aí lemos baseia-se nas normas da lei, no que elas contêm de eterno. Para todo os tempos conserva o seu imenso valor a descrição da criação divina, da sabedoria de Deus, de sua providência na direção dos povos e dos homens em geral. A estima da sabedoria, que excede todos os valores criados, não se liga a nenhum lugar, nem a tempo algum. A recomendação da virtude é a fuga do pecado, sob todas as suas formas, conserva pleno valor atual. Portanto, esse livro, depois de ter servido de espelho da vida de um israelita fiel, pode ser considerado um manual do homem bem-educado, formado na escola do evangelho.

O livro do Eclesiástico, tal como a Igreja cristã o encontrou na tradução grega em uso no tempo dos apóstolos , só foi incorporado muito mais tarde na coleção dos escritos inspirados, por essa razão os judeus e os protestantes não reconhecem a sua canonicidade.

O texto do Eclesiástico passou por várias alterações no decorre dos séculos. Perdeu-se o texto hebraico original. Entretanto, foram encontrados no final do século passado importantes fragmentos. O texto grego que possuímos é uma tradução feita pelo neto do autor, para pô-lo à disposição dos judeus egípcios, os quais na época em que ele escreveu já não conheciam o hebraico e o aramaico. O latim da vulgata muito se aproxima da versão grega e apresenta numerosas liberdade de tradução, diferindo, portanto, em muitos passos, do texto hebraico. Parece mesmo averiguado que o texto latino foi por vezes modificado num sentido cristão, muitas vezes ele foi glosado, sendo-lhe intercalados versículos inteiros. Nessa nossa tradução, pareceu-nos preferível ater-nos ao texto convencional latino, que em regra geral, é mais amplo que outras versões, sendo assim mais fácil tornar-se visíveis as tradições do tradutor latino, imprimindo-as em itálico (grifo).
“Três coisas são necessárias para a salvação do homem: saber o que deve crer, saber o que deve desejar, saber o que deve fazer” São Tomás de Aquino

Vídeo Especial

O tema do nosso vídeo de hoje é "Fim dos Tempos".



Evangelho do Dia

JOÃO 8:31-42

Naquele tempo, 31Jesus disse aos judeus que nele tinham acreditado: “Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, 32e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.
33
Responderam eles: “Somos descendentes de Abraão, e nunca fomos escravos de ninguém. Como podes dizer: ‘Vós vos tornareis livres’?”
34
Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade vos digo, todo aquele que comete pecado é escravo do pecado. 35O escravo não permanece para sempre numa família, mas o filho permanece nela para sempre. 36Se, pois, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres. 37Bem sei que sois descendentes de Abraão; no entanto, procurais matar-me, porque a minha palavra não é acolhida por vós. 38Eu falo o que vi junto do Pai; e vós fazeis o que ouvistes do vosso pai”.
39
Eles responderam então: “Nosso pai é Abraão”. Disse-lhes Jesus: “Se sois filhos de Abraão, praticai as obras de Abraão! 40Mas agora, vós procurais matar-me, a mim, que vos falei a verdade que ouvi de Deus. Isto, Abraão não o fez. 41Vós fazeis as obras do vosso pai”.
Disseram-lhe, então: “Nós não nascemos do adultério, temos um só pai: Deus”. 42Respondeu-lhes Jesus: “Se Deus fosse vosso Pai, certamente me amaríeis, porque de Deus é que eu saí, e vim. Não vim por mim mesmo, mas foi ele que me enviou”. 

Hoje quando estão faltando poucos dias para a Semana Santa, o Senhor pede-nos que lutemos para viver coisas concretas, pequenas, mas às vezes, não fáceis. Ao longo da reflexão as iremos explicando: basicamente trata-se de perseverar na sua palavra. Que importante é referir nossa vida sempre no Evangelho! Podemo-nos perguntar: que faria Jesus nesta situação que devo afrontar? Como trataria a esta pessoa que me custa especialmente? Qual seria a sua reação ante esta circunstancia? O cristão deve ser — segundo São Paulo— “outro Cristo”: «Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim» (Gl 2,20). O reflexo do Senhor na nossa vida de cada dia, Como é? Sou seu espelho?.

O Senhor assegura-nos que se perseveramos na sua palavra, conheceremos a verdade e, a verdade nos fará livres (cf. Jo 8,32). Dizer a verdade não sempre é fácil. Quantas vezes se nos escapam pequenas mentiras, dissimulamos, fazemos como se não ouvíssemos? Não podemos enganar a Deus. Ele vê-nos, nos contempla, nos ama e nos acompanha no nosso dia-a-dia. No oitavo mandamento ensina-nos que não podemos fazer falsos testemunhos, nem dizer mentiras, por pequenos que sejam, ainda que podem parecer insignificantes. Tampouco tem cabimento as mentiras “de piedade”. «Seja o vosso sim, sim, e o vosso não, não» (Mt 5,37), nos diz Jesus em outro momento. A liberdade, esta tendência ao bem, está muito relacionada com a verdade. Algumas vezes não somos suficientes livres porque na nossa vida há como um duplo fundo, não somos claros. Temos de ser contundentes. O pecado da mentira nos escraviza.


«Se Deus fosse vosso Pai, certamente me amaríeis» (Jo 8,42), diz o Senhor. Como se concreta nosso interesse diário por conhecer o Mestre? Com que devoção lemos o Evangelho, por pouco que seja o tempo de que dispomos? Que posso deixar na minha vida, no meu dia? Os que me veem poderiam dizer que leio a vida de Cristo? 

Formação

QUEREMOS VER JESUS
Faça a experiência com o Senhor.

Jesus, ao chegar a Jerusalém para a festa da Páscoa judaica, é aclamado pela multidão de peregrinos que acorrem à cidade para o cumprimento do preceito religioso de participação nessa festa. Entre esses peregrinos, encontram-se gregos que se dirigem a Filipe e manifestam o desejo de ver Jesus, o qual os atrai mais do que a própria festividade.

O Senhor, na ocasião de Seu batismo por João, disse a André e ao outro discípulo que o acompanhava, quando perguntaram a Ele onde Ele morava: “Vem e vê”.  Depois, o próprio Filipe, que já havia sido chamado por Jesus para segui-Lo, convidou também Natanael para o encontro com Cristo, com a mesma expressão: "Vem e vê". Agora são os gregos da região de Betsaida que se empenham para ver o Messias. "Ver" significa "conhecer", ter a experiência da presença e do diálogo, em um tempo de convívio e comunicação com Jesus. Filipe, diante do pedido dos gregos, diz isso a André, pois, assim como este e Pedro, ele também era de Betsaida, cidade de cultura grega.

Quando Filipe e André falam com Jesus, Ele lhes responde procurando remover qualquer equívoco. Está próximo o desenlace do Seu ministério de amor e dom de si, sem temer perseguições, ameaças e morte. A glória de Cristo não é o poder e o sucesso, mas o dom total de Sua vida no amor, a ser assumido também pelos discípulos. 

O dom da própria vida é o ato fecundo que gera mais vida, tanto naquele que se doa como naqueles que são tocados por seu amor. A vida é fruto do amor e ela será tanto mais pujante quanto maior for a plenitude do amor, no dom total.

A metáfora do grão sendo transformado exprime muito mais potencialidades do homem do que aquelas que lhe são conhecidas. O grão que desaparece para dar lugar à planta e ao fruto é a conversão de vida. É libertar a vida da submissão e escravidão aos interesses dos chefes deste mundo e colocá-la a serviço de Jesus, presente no nosso próximo. É alcançar a liberdade da vida eterna na prática do amor. Com o dom de si novas e surpreendentes potencialidades se revelam. A morte, sem ser um fim trágico, pode ser também o começo de uma vida nova, mais plena, já neste mundo. 

Morrer para os limites e valores impostos por uma cultura de consumo e opressão para viver livre na comunhão de amor e vida com os irmãos, particularmente os mais necessitados. Isso é servir Jesus, é assim que se manifesta a glória de Cristo e a glória do Pai. Quem não teme a própria morte confunde o opressor poderoso, chefe deste mundo, e conquista a liberdade, que tudo transforma pelo amor.
Viver é dar a vida, e tem-se a vida à medida que ela é dada.

(Texto do Padre Wagner Augusto Portugal - Vigário Judicial da Diocese da Campanha (MG))

Santo do Dia

São Xisto III
 
Xisto chegou a adotar uma posição neutra na controvérsia entre pelagianos e semipelagianos do sul da Gália, especialmente contra Cassiano, sendo advertido pelo papa Zózimo. Mas reconheceu o seu erro, com a ajuda de Agostinho, bispo de Hipona, que combatia arduamente aquela heresia, e que lhe escrevia regularmente.

Ao se tornar papa em 432, Xisto III agindo com bastante austeridade e firmeza, nesta ocasião, Agostinho teve de lhe pedir moderação. Foi assim, que este papa conseguiu o fim definitivo da doutrina herege. Esta doutrina pelagiana negava o pecado original e a corrupção da natureza humana. Também defendia a tese de que o homem, por si só, possuía a capacidade de não pecar, dispensando dessa maneira a graça de Deus.

Ele também conduziu com sabedoria uma ação mais conciliadora em relação a Nestório, acabando com a controvérsia entre João de Antioquia e Cirilo, patriarca de Constantinopla, sobre a divindade de Maria. Em seguida, demonstrou a sua firme autoridade papal na disputa com o patriarca Proclo. Xisto III teve de escrever várias epístolas para manter o governo de Roma sobre a lliría, contra o imperador do Oriente que queria torná-la dependente de Constantinopla, com a ajuda deste patriarca.

Depois do Concílio de Éfeso em 431, em que a Mãe de Jesus foi aclamada Mãe de Deus, o papa Xisto III mandou ampliar e enriquecer a basílica dedicada à Santa Mãe das Neves, situada no monte Esquilino, mais tarde chamada Santa Maria Maior. Esta igreja é a mais antiga do Ocidente que foi dedicada a Nossa Senhora.

Desta maneira ele ofereceu aos fiéis um grande monumento ao culto da bem-aventurada Virgem Maria, à qual prestamos um culto de hiperdulia, ou seja, de veneração maior do que o prestado aos outros santos. Xisto III, mandou vir da Palestina as tábuas de uma antiga manjedoura, que segundo a tradição havia acolhido o Menino Jesus na gruta de Belém, dando origem ao presépio. Introduziu no Ocidente a tradição da Missa do Galo celebrada na noite de Natal, que era realizada em Jerusalém desde os primeiros tempos da Igreja.

Durante o seu pontificado, Xisto III promoveu uma intensa atividade edificadora, reformando e construindo muitas igrejas, como a exuberante basílica de São Lourenço em Lucina, na Itália.

Morreu em 19 de agosto de 440, deixando a indicação do sucessor, para aquele que foi um dos maiores papas dos primeiros séculos, Leão Magno. A Igreja indicou sua celebração para o dia 28 de março, após a última reforma oficial do calendário litúrgico.

segunda-feira, março 26, 2012

Reflita

"Se você não puder alimentar cem pessoas, alimente pelo menos uma." Madre Teresa de Calcutá

Vídeo Especial

O tema do nosso vídeo de hoje é "Casamento em crise".



Evangelho do Dia

LUCAS 1:26 -28

Naquele tempo, 26o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da Virgem era Maria. 28O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!”
29
Maria ficou perturbada com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. 30O anjo, então, disse-lhe: “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. 31Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. 32Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. 33Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim”.
34
Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?” 35O anjo respondeu: “O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus. 36Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, 37porque para Deus nada é impossível”. 38Maria, então, disse: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” E o anjo retirou-se. 

Hoje, celebramos a festa da Anunciação do Senhor. Com o anúncio do anjo Gabriel e a aceitação de Maria da vontade divina expressa de encarnar nas suas entranhas, Deus assume a natureza humana – «assumiu em tudo a nossa condição humana, exceto no pecado» – para nos elevar à condição de filhos de Deus e fazer-nos assim participantes da Sua natureza divina. O mistério da fé é tão grande que Maria, perante este anúncio, fica como que assustada. Gabriel diz-lhe: «Não tenhas medo, Maria!» (Lc 1,30): o Todo-Poderoso olhou-te com predileção, escolheu-te para Mãe do Salvador do mundo. As iniciativas divinas destroem os débeis argumentos humanos.

«Não tenhas medo!», palavras que lemos freqüentemente no Evangelho; o próprio Senhor as terá de repetir aos Apóstolos quando estes sintam de perto a força sobrenatural e também o medo ou susto perante as obras prodigiosas de Deus. Podemos perguntar-nos qual a razão deste medo. Será um medo mau, um temor irracional? Não!; é um temor lógico naqueles que se vêem pequenos e pobres face a Deus, que sentem distintamente a sua fraqueza, a debilidade perante a grandeza divina e experimentam a sua penúria frente à riqueza do Onipotente. O Papa S. Leão pergunta: «Quem não verá em Cristo a sua própria debilidade?». Maria, a humilde jovem da aldeia, acha-se tão pouca coisa…, mas em Cristo sente-se forte e o medo desaparece!


Então compreendemos bem que Cristo «tenha escolhido o que para o mundo é fraqueza, para envergonhar o que é forte (1Cor 1,26). O Senhor olha-a, vendo a pequenez da sua escrava e realizando nela a maior maravilha da história: a Encarnação do Verbo Eterno como Cabeça de uma Humanidade renovada. Que bem se aplicam a Maria aquelas palavras que Bernanos disse à protagonista de “La alegria”: «Reconfortava-a e consolava-a maravilhosamente um sentido raro da sua própria fraqueza, porque era como se fosse o sinal inefável da presença de Deus nela; o próprio Deus resplandecia no seu coração».

Formação

O CATÓLICO E A IGREJA
Não se pode ser mais ou menos católico.

Não se pode ser “mais ou menos católico”, isto é, aceitar uma ou outra verdade religiosa ensinada pela Igreja, deixando algumas de lado. Isso é orgulho espiritual de alguém que pensa saber mais do que a Igreja, assistida e guiada pelo Espírito Santo desde Pentecostes (cf. João 14,15.25; 16,12-13; Lucas 10,16).
O Catecismo da Igreja Católica (CIC) ensina que o que nos salva é a verdade:

“Com efeito, Deus quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade" (I Tm 2,4). Deus quer a salvação de todos pelo conhecimento da verdade. A salvação está  na verdade” (CIC § 851).
E São Paulo afirma que “a Igreja é a coluna e o fundamento da verdade” (I Tm3,15).

“A missão do Magistério está ligada ao caráter definitivo da Aliança instaurada por Deus em Cristo com seu Povo; deve protegê-lo dos desvios e dos afrouxamentos e garantir-lhe a possibilidade objetiva de professar sem erro a fé autêntica. O ofício pastoral do Magistério está, assim, ordenado ao cuidado para que o Povo de Deus permaneça na verdade que liberta. Para executar este serviço, Cristo dotou os pastores do carisma de infalibilidade em matéria de fé e de costumes. O exercício deste carisma pode assumir várias modalidades” (CIC § 890).

O grande Papa São Gregório VII (1073-1085), que quebrou a fúria de Henrique IV e a triste “investidura leiga” dos séculos X e XI, declarou no seu documento Dictatus Papae: “A Igreja romana nunca errou, e segundo o testemunho das Escrituras nunca cairá no erro.” (n,22) “Ninguém deve ser considerado católico se não estiver de pleno acordo com a Igreja Católica.” (n.26). (Registrum Gregorii VII,MGH, Ep. Sel. II, n. 55ª - História da Igreja, Roland Frohlich).

O grande padre Leonel França, o maior jesuíta que Brasil conheceu, (1893-1948), fundador e reitor da primeira Universidade Católica do Brasil: PUC- RJ, disse: “[...] Quem não tem um conceito exato, uma percepção viva da infinita, absoluta e inefável majestade de Deus, na inviolabilidade soberana dos seus direitos, não pode entender a intransigência dogmática da Igreja Católica. A Igreja não é autora de um sistema humano, filosófico ou religioso, é depositária autêntica de uma revelação divina".
Cristo ensinou-nos uma doutrina celeste: "A doutrina que eu vos ensinei é d’Aquele que me enviou" (São João, 7,16; 12,49). Aos seus discípulos ordenou que a transmitissem a todo o gênero humano na sua integridade incorruptível. "Ensinai-lhes a observar tudo o que vos mandei' (Mt 26,20). E para que a falibilidade humana não alterasse o depósito divino, prometeu-lhes a eficácia preservadora de sua assistência. "Estarei convosco até o fim dos séculos".

A Igreja Católica tem, pois, promessa divina de imortalidade e infalibilidade. Não foi, não será nunca infiel à sublimidade da sua missão. Quando a sinagoga, alarmada com os prodígios que sancionavam o Cristianismo nascente, prendeu os apóstolos e lhes impôs um silêncio criminoso, Pedro respondeu aos sinedritas um sublime: non possumus (não podemos).

No volver dos séculos nunca desmentiu a Igreja as promessas deste seu batismo de sinceridade. Todas as vezes em que o erro, armado como a força, mascarado como o sofisma ou “sub dolo” como a política, bateu às portas do Vaticano, pedindo ou impondo-lhe uma concessão, uma aliança, um compromisso, saiu-lhe ao encontro um ancião inerme e venerável na candura simbólica de suas vestes, e, com voz firme e olhar fito no céu, respondeu-lhe: Non possumus...”.

E a Igreja continuará assim a sua missão de Mãe e Mestra da fé, até que o Cristo volte. São Paulo disse que sempre haveria hereges e heresias, que surgem de dentro da Igreja. Mas o Apóstolo disse que isso era bom para que saibamos onde está o erro e a verdade.

O bom católico não discute o que a Igreja ensina, ele ama e vive com ação de graças o que ela lhe diz. É grato a Deus por lhe mostrar pela Igreja o caminho reto que leva à felicidade neste mundo e ao céu na eternidade. Quando eu era menino ensinaram-me uma oração que nunca esqueci e que fiz dela minha norma de vida. É o ATO DE FÉ:


“Eu creio firmemente que há um só Deus, em três Pessoas realmente distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. Creio que o Filho de Deus se fez homem, padeceu e morreu na cruz para nos salvar e ao terceiro dia ressuscitou. Creio em tudo o mais que crê e ensina a Santa Igreja Católica, porque Deus, Verdade infalível, o revelou. Nesta crença quero viver e morrer”.
 
(Texto do Professor Felipe Aquino)

Santo do Dia

Santa Lúcia Filippini
 
Lúcia nasceu no dia 13 de janeiro de 1672, em Corneto Tarquínia, proximidades de Roma, numa família honrada e abastada. Quando ainda tinha um ano de idade, Lúcia perdeu a mãe e alguns anos mais tarde, o pai. Ela foi entregue, para ser formada e educada, às Irmãs beneditinas e junto delas a menina descobriu o dom que tinha para ensinar.

Muito dedicada aos estudos da Sagrada Escritura, e com a alma cheia de caridade, tomou para si, ainda no início da adolescência a função de ensinar o catecismo às crianças. Tantos eram os pequenos que a procuravam e tão cativante era sua forma de transmitir a Palavra do Senhor, que logo o padre do local a nomeou oficialmente a catequista paroquial. Certo dia, passou pela sua cidade o cardeal Marcantonio Barbarigo, que conheceu Lúcia, reconheceu sua vocação e levou-a para acabar seus estudos com as Irmãs clarissas.

Preparada, foi colocada na liderança de uma missão que ele julgava essencial para corrigir os costumes cristãos de sua diocese: fundar escolas católicas em diversas cidades. Lúcia, em sua humildade, a princípio relutou, achando que a função estava acima de suas possibilidades. Mas o cardeal insistiu e ela iniciou seu trabalho que duraria quarenta anos.

A missão exigiu imensos esforços, tantos foram os sacrifícios a que teve de se submeter. Contudo, nada a afastou da tarefa recebida. Nessas quatro décadas preparou professoras, catequistas, fundou escolas e organizou-as em muitas cidades e dioceses. Quando o cardeal Barbarigo faleceu, as dificuldades aumentaram. Lúcia uniu-se então a outras professoras e catequistas, juntando todas numa congregação, fundou em 1692, o Instituto das Professoras Pias. A fama do seu trabalho chegou ao Vaticano e em 1707, o Papa Clemente XI pediu para que Lúcia criasse uma de suas escolas em Roma.

Lúcia Filippini faleceu aos sessenta anos, no dia 25 de março de 1732, de câncer, mas docemente e feliz pela sua vida entregue à Deus e às crianças, sementes das novas famílias que são a seiva da sociedade. Seu corpo descansa na catedral de Montefiascone, onde começaram as escolas católicas do Instituto das Professoras Pias Filippinas, como são chamadas atualmente.

A festa litúrgica à Santa Lúcia Filippini foi marcada para o dia 26 de março, pelo Papa Pio XI, na solenidade de sua canonização, em 1930. Hoje, as escolas das professoras pias filippinas além de atuarem em toda a Itália, estão espalhadas por todo território norte americano, num trabalho muito frutífero junto à comunidade católica.

 Obs: Hoje a igreja também celebra o dia de São Ludgero