sexta-feira, março 30, 2012

Bíblia Sagrada

Hoje começaremos a falar sobre os livros proféticos.

ISAÍAS

Isaías é considerado, em geral, como o maior dos profetas de Israel. Nascido por volta do ano 760, de uma família nobre do reino de Judá, foi chamado por Deus no ano de 740 ao ministério profético, que exerceu por cerca de 50 anos.

O livro de Isaías compõe-se de duas partes muito distintas. Os 39 primeiros capítulos, que contêm frequentes alusões a Isaías e ao seu tempo, são perfeitamente inteligíveis no ambiente dos acontecimentos dos reinados de Osias, de Joatão e de Acaz e de Ezequias (II Rs 15-20).

Os capítulos 40 a 66, ao contrário, supõem uma época muito diferente e posterior. Dirigir-se-ia então o profeta aos israelitas deportados, ou já reintegrados na sua pátria, como se ele viesse no meio deles. Tal é a opinião que presentemente prevalece entre os católicos. Entretanto, cumpre notar que a maioria dos exegetas, que se manifestaram até há poucos anos, opinava que também esses últimos capítulos deviam ser atribuídos ao próprio Isaías.

Seja qual for a solução do problema, urge que o leitor, que quer compreender com exatidão a segunda parte do livro, a leia à luz dos acontecimentos do exílio e da restauração de Israel.

Podemos considerar Isaías como o profeta da justiça. Insurge-se ele contra a idolatria e os abusos sociais que se alastravam no seu tempo, ele ameaça os ricos e os poderosos e eleva sua voz contra os hipócritas e todos aqueles que levavam vidas frívolas. Com grande veemência ele chama o povo ao arrependimento e a fé. Um terrível julgamento divino vai desencadear-se sobre Israel: as nações pagãs serão as executoras desse julgamento, mas também ela, por sua vez, serão castigadas e destruídas. Quanto a Israel, um “resto” será salvo. Todos esses oráculos estão impregnados da mais firme esperança num rei glorioso que há de vir e restaurar a ordem no mundo: o Messias, “o Príncipe da Paz”.

Na segunda parte do livro, Isaías apresenta-se como o profeta da consolação e da esperança. Deparasse-nos aí um conceito majestoso de Deus, o criador e soberano Senhor, vencedor do mundo, e salvador de seu povo. É principalmente notável a série de misteriosos poemas que se referem ao “servo do Senhor”. Não sabemos ao certo que figura daquele tempo é mencionada por esse enigmático personagem. Pensaram alguns em Ciro, rei dos persas, que reintegrou os israelitas a sua pátria, pretenderam outros interpretar esse passo como uma figura de escol do povo, esse “pequeno resto”, ao qual o profeta tantas vezes se refere. Mas a tradição cristã sempre descobriu nesses trechos uma belíssima imagem de Jesus Cristo: porque o “servo do Senhor” não é apenas um chefe dedicado e amante, um mediador, um salvador, mas é chamado também de o homem das dores, título aplicado por excelência a Jesus, que salvou seu povo pelos próprios sofrimentos.

O capítulo 53 de Isaías pode ser considerado como o auge da profecia: aí Deus se manifesta como jamais o tinha feito. Só mesmo o evangelho pode ser comparado a essa mensagem.

Quanto as profecias contra as nações pagãs, devemos notar: era uma ideia comum entre todos os profetas que os crimes do povo eleito seriam punidos por Deus. Senhor da história, Deus serve-se dos acontecimentos para dar uma lição aos homens. Assim é que os Assírios, depois os caldeus, os egípcios e os pequenos povos vizinhos da Palestina aparecem como os instrumentos da vingança divina. Entretanto, essas nações conquistadoras serão castigadas por Deus a seu tempo e cairão sob os golpes de outras mais poderosas que elas. Serão totalmente destruídas quando aparecer o Messias. A Igreja cristã interpreta esses passos em relação a conquista das nações, que só será realizada plenamente no fim dos tempos, por ocasião da volta gloriosa de Jesus Cristo.

Entre as passagens mais célebres de Isaías notemos as seguintes: 

  • ·         Censura a Jerusalém (caps. 1 a 5)
  • ·         Vocação do Profeta (cap. 6)
  • ·         O reino do Messias (caps. 9 e 11)
  • ·         Cântico dos resgatados (cap. 26)
  • ·         Felicidade dos tempos messiânicos (cap.36)
  • ·         Anúncio da libertação (cap. 40)
  • ·         O servo do Senhor (caps. 42-55)
  • ·         A glória da nova Jerusalém (caps. 60 e 61)
  • ·         Orações no tempo da Angústia (caps. 62 a 64).

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