quinta-feira, março 08, 2012

Bíblia Sagrada

SALMOS

O Saltério é livro de oração dos antigos judeus. Também para os Cristãos ele tornou-se o livro de enlevos espirituais, depois de o ter sido para o próprio Jesus Cristo.

A palavra “salmo” (psalmus) é a tradução do termo hebraico que quer dizer louvores. Entretanto, esse termo exprime apenas um aspecto do conteúdo desse livro, no qual se encontram lamentações, cânticos de penitência e de reconhecimento, poemas didáticos e súplicas ardentes. Os Salmos eram cânticos destinados principalmente ao uso litúrgico do Templo de Jerusalém, mas neles percebe-se muitas vezes o eco de sentimentos religiosos inteiramente pessoais.

Já em remota antiguidade, muitos desses cânticos foram reunidos em coleções, das quais encontramos alguns traços na divisão atual em cinco livros. Foram certamente os autores dessas coleções que lhes foram sendo feitas independentemente umas das outras, daí não nos podemos admirar se encontrarmos algumas repetições. Foram esses mesmos redatores que, por vezes, ajuntaram dois ou mais salmos num só e que escreveram os títulos que ainda lemos em muitas dessas composições. Em todo o caso, essas inscrições são antiquíssimas. Conservaram-nos elas o nome do provável autor e várias circunstâncias da composição dos salmos, e apresentam situações assaz obscuras a respeito da sua execução musical e do seu emprego litúrgico. Quando os salmos foram traduzidos para o grego, a significação exata dessas inscrições era duvidosa, hoje muitas vezes podemos apenas conjecturar o que ela significava. O mesmo se deve dizer da palavra sela que aparece no final de numerosas estrofes. Essa palavra, em vista de seu sentido obscuro, foi omitida na presente tradução.

Ignora-se quem e quando realizou a última coleção dos cinco livros em uma única, a que nos foi conservada. As inscrições do texto original atribuem 74 salmos a Davi, 10 aos filhos de Corfé, 8 a Asaf, 2 a Salomão e 1 respectivamente a Hemão, a Etão e a Moisés. É difícil averiguar o valor histórico exato desses dados. Entretanto, não há motivos para duvidar que os numerosos salmos provenham do rei Davi. Sejam quais forem os seus autores humanos, a inspiração divina revestiu a sua beleza natural de um profundo sentido religioso, que fez deles, pra sempre, uma inexaurível fonte de vida religiosa e de piedade.

Na literatura da antiguidade, o caráter religioso dos salmos salienta-se pela sua incomparável profundidade. Todas as cordas do sentimento religioso são neles dedilhadas: 

·         Respeito à majestade divina

·         Gratidão pela misericórdia infinita e pelo perdão de Deus.

·         Absoluta confiança na providência.

·         Penitência e contrição ante os próprios pecados.

·         Tristeza e temor dos perigos que nos cercam.

·         Paz.

·         Consolação.

·         Coragem.

·         Obediência.

·         Alegria e esperança.

Por outro lado, os poemas messiânicos e as numerosas alusões as Filho de Davi tornam os salmos ainda mais familiares às nossas almas cristãs. Não admira, pois, o lugar todo particular que o saltério assumiu na liturgia da Igreja.

Essas composições adaptaram-se, em primeiro lugar, aos judeus. Daí serem impregnadas do espirito judaico, que ainda não tinha atingido a plenitude da caridade cristã. Como em outras passagens do antigo testamento, a justiça divina é descrita nos salmos de um modo rude e forte. Muitas vezes o ruído das armas perturba a calma da oração. Entretanto, urge considerar: primeiro, a mentalidade própria dos Hebreus, segundo a qual só Deus era o rei do povo e que os levava a considerar como inimigos de Deus os inimigos do povo eleito, assim estes deviam ser julgados severamente. Em seguida, o crente sabia que o poder do inimigo deveria ser destruído no futuro, porque assim o exigia a santidade de Deus. Dessa forma a vingança, expressa com tanta violência, é atribuída ao próprio Deus, daí a sua misericórdia acompanha a sua justiça. Não nos afastaremos, portanto, do verdadeiro espírito dos salmos, procurando penetrar no cerne espiritual que está por debaixo da casca dura, e aplica-lo às nossas lutas interiores, como outros tantos apelos veementes ao auxílio divino.
Muitas vezes o homem vê-se inclinado para as coisas terrenas e mal consegue rezar. “Não sabemos o que devemos pedir, nem rezar, como convém”, dizia São Paulo (Rm 8:26). Nos salmos deparam-se nos maravilhosos formulários de oração que nos ensinam como devemos nos dirigir a Deus.

Em seu sentido verdadeiro e profundo, os salmos só poderão ser devidamente interpretados por aquele que crê em Jesus Cristo. Isso é evidente quanto aos salmos messiânicos. Mas a mensagem de outros salmos, como de inumeráveis textos Bíblicos, só encontra sentido verdadeiro à luz da vida do Senhor Jesus. Os sofrimentos do justo, por exemplo, São salmos, uma clara imagem dos tormentos suportados por Jesus na sua paixão.

O saltério é, em verdade, o livro de oração da igreja e da alma Cristã.

Eis uma escolha entre os mais belos salmos, agrupados de acordo com seu sentido geral:

  • ·         Salmos de confiança: 22, 26, 120, 130.
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  • ·         Ensinamentos da sabedoria: 1, 31, 36, 118.
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  • ·         Meditações: 8, 9, 35, 38, 48.
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  • ·         Louvores: 7, 18, 28, 46, 92, 96, 97, 145.
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  • ·         Salmos reais ou messiânicos: 2, 18, 19, 20, 21, 44, 68, 71, 109, 144.
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  • ·         Lamentações e orações intensas: 24, 31, 32, 43.
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  • ·         Ação de graças: 33, 65, 102, 135.

O texto original em hebraico muito sofreu no decurso dos séculos. Daí as numerosas divergências, principalmente nas duas primeiras coleções, entre o texto original e a versão latina, sendo esta apenas uma tradução imperfeita do texto grego.

Na numeração dos salmos, existe uma divergência entre o texto hebraico e a versão latina da Vulgata. Essa divergência provém no texto hebraico da divisão imprópria do salmo 9, restituída em sua unidade pelas antigas versões. A numeração do texto latino, adotada no breviário e no missal romano, é conservada na presente tradução. Portanto, os leitores que desejarem saber qual é a numeração do texto hebraico deverão aumentar de uma unidade o número dos salmos desde o salmo 10 até o salmo 147.


***Amanhã falaremos sobre o livro dos Provérbios***

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