ECLESIASTES
Este livro apresenta-se como uma série de meditações sobre a instabilidade da vida humana, entrecortadas várias vezes por uma sorte de estribilho que indica a linha diretriz que o autor tinha em mente: “Vaidade das vaidades, tudo é vaidade”.
Desconhecemos o autor, que coloca suas reflexões na boca do Eclesiastes. Nesse personagem vê-se uma alusão ao rei Salomão, que a tradição judaica considerava como a personificação da sabedoria. O último redator do livro, que lhe deu a forma atual, deve ter vivido no terceiro século a.C.
Para o autor, como para seus contemporâneos, todos os homens vão, depois da morte, para um único e mesmo lugar, o xeol, ou a região dos mortos. A existência nesse lugar é descrita como uma existência sem consolações, nas trevas, sem felicidade alguma, onde nenhuma relação mais se tem com o que acontece na terra. Essas ideias sombrias a respeito da vida e da morte formam a base do pessimismo que se depreende deste escrito. Compreende-se a conclusão que ele tira desse seu modo de ver: se a perspectiva do céu é tão duvidosa, se a experiência da vida apresenta tantas preocupações e desilusões, nada melhor se pode aconselhar do que fruir dos bens que Deus nos dá nesta vida e agradecer-lhe por tudo isso. Mas mesmo assim as alegrias terrenas aparecem como incapazes de estancar a sede da felicidade de que sofre o coração do homem.
Entretanto, o autor ali a esse pessimismo um espírito de profunda religiosidade. Ele insiste na disposição sempre sábia, embora impenetrável, da Providência divina. Tudo o que há de bom na vida, é dom de Deus. Um dia, o homem deverá prestar contas ao seu Criador de todos os atos praticados na terra. Essas considerações conservam seu valor para todos os tempos. A piedade é o principal meio de alcançarmos o nosso destino. Toda a moral do livro resume-se nos seus últimos versículos: “Como conclusão geral, teme a Deus e observa os seus preceitos, eis aí o homem todo”.
***Semana que vem falaremos sobre o livro do Cãntico dos Cânticos***
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