SABEDORIA
O conteúdo deste livro é um louvor à sabedoria divina. Na primeira parte o autor mostra a sabedoria nas obras da vida de cada homem, sendo recompensada pela vida eterna. Na segunda parte, expõe o papel que a sabedoria representou na vida do Rei Salomão. Ainda numa terceira parte, apresenta a sabedoria em ação: na criação, na história da humanidade e em particular na história do povo de Deus. Ao tratar do reino de Salomão, a sabedoria é descrita como uma irradiação do Deus Altíssimo.
A finalidade do autor, que se dirige aos judeus moradores do Egito, é acautelá-los contra um duplo perigo, a saber: serem desencaminhados pela filosofia grega, e serem tentados a abandonar o culto de um Deus único. Ele quer mostrar que o conceito judaico da vida nada tem a invejar da sabedoria profana do paganismo. Ao contrário, é ela que proporciona ao homem a imortalidade. Só essa sabedoria, que tira sua origem de Deus, é um guia seguro para a nossa vida religiosa e moral, como uma salvaguarda contra a idolatria, iluminando a história de Israel e os terríveis castigos que o culto aos deuses falsos arrasta após si.
A descrição da sabedoria, tal como ela é em Deus, atinge, na segunda parte do livro, uma culminância que debalde procuraríamos em algum outro livro do Antigo Testamento. O autor refere-se à Sabedoria, envolvendo-a num atributo divino personificado, uma pessoa que pensa, que fala e que age. É ela que criou o mundo e que, como conselheira de Deus, dirige, providencialmente, o universo inteiro.
Mui provavelmente o livro da sabedoria foi escrito em grego. Todavia, o estilo de sua primeira parte faz pensar na poesia hebraica, no restante do livro o estilo é mais livre e aproximasse da língua grega.
O desconhecido autor apresenta-se, por vezes, falando na pessoa de Salomão, circunstância essa que levou outrora muitas pessoas a atribuir em toda a obra ao grande rei de Israel. Mas trata-se de uma ficção literária, como no livro do Eclesiastes. O autor deve ter escrito para os judeus que falavam o grego e que viviam fora da Palestina, provavelmente no Egito. Não nos é possível determinar com exatidão a data da sua composição, provavelmente durante o último século que precedeu a nossa era.
A convicção profundamente religiosa que emana de todas essas páginas já muito se aproxima da revelação do Novo Testamento. Esse livro não é citado nos evangelhos, nem em São Paulo, mas numerosas passagens, principalmente na Epístola aos Hebreus, fazem alusões evidentes a certos trechos da sabedoria.
Esse livro do Antigo Testamento contém as primeiras revelações sobre imortalidade de alma e a seu destino eterno, e estabelece, portanto, uma digna transição entre a Antiga Aliança e a plena revelação evangélica.
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