terça-feira, julho 10, 2012

Bíblia Sagrada


APOCALIPSE

Significa “Revelação”, é a obra do apóstolo João, que o escreveu no fim de sua vida, mais ou menos no ano 100, sob a forma de uma carta dirigida às Igrejas da Ásia Menor.

Esse livro é considerado pela maioria dos leitores como o mais difícil de compreender e o mais misterioso de toda a Bíblia. Ele é, com efeito, bastante enigmático, mais sua interpretação pode tornar-se mais clara, se se levar em conta, de um lado, o gênero literário utilizado pelo autor e, de outro, a circunstância em que a obra foi escrita.

A situação dos Cristãos da Ásia era, naquela época, das mais críticas. As perseguições já tinham começado. Por outro lado, muitos Cristãos, que esperavam uma próxima libertação pelo retorno glorioso de Cristo, verificavam com tristeza que esse retorno demorava e que seu termo era quase indefinidamente adiado. Tomados de angústia, começavam a perder a esperança de encontrar um dia a independência religiosa.

O apóstolo João, fazendo de seu livro uma mensagem de reconforto e de encorajamento, e ao mesmo tempo um manifesto contra o paganismo reinante, quer anunciar aos seus leitores a inevitável oposição do mal e do bem sobre a terra, e predizer a vitória de Deus, decisiva e certa, embora realizada no sofrimento e na morte. Para esse fim ele lança mão de um recurso literário muito usado pelos judeus desde a dois séculos aproximadamente, do qual se pode ver um exemplo no livro de Daniel. Esse gênero literário foi chamado de gênero apocalíptico, porque apresenta aos olhos do leitor uma série de visões, ou revelações muito simbólicas, tendo um sentido oculto. Não se trata de dar uma descrição antecipada de acontecimentos futuros, mas de apresentar uma mesma realidade sob vários símbolos diferentes. Essas visões se supõem outorgadas a um personagem que, dessa maneira, recebe a comunicação das intenções divinas sobre os destinos do mundo. Tudo isso é feito numa linguagem intencionalmente figurada e misteriosa, para provocar uma atenção mais viva no leitor.

Sua leitura será menos desconcertante, se desde o início for indicado o simbolismo de várias dessas imagens empregadas, por exemplo:
  • ·         O cordeiro simboliza o Cristo;
  • ·         A mulher, a Igreja Cristã;
  • ·         O dragão, as forças hostis ao Reino de Deus;
  • ·         As duas feras (cap. 13), o império Romano e o culto imperial;
  • ·         A fera (cap. 17) simboliza Nero;
  • ·         Babilônia, a Roma Pagã;
  • ·         As vestes brancas, a vitória;
  • ·         O número 3¹/2, coisa nefasta ou caduca.
Entretanto, esse símbolos não são exclusivos: o Cristo é as vezes mostrado como o “Filho do Homem” ou um “cavaleiro”.

O Apocalipse portanto não deve ser tomado como uma história escrita no tempo contemporâneo escrita no “tempo futuro” (verbo); ele não é tampouco uma revelação clara e definitiva do futuro: é uma mensagem sobrenatural (velada em símbolos, representando tanto o passado, como o presente e o futuro), concernente a um período indefinido que separa a ascensão de Jesus de sua volta gloriosa. Ele anuncia aos fiéis à impossibilidade de escapar à luta e ao sofrimento, às perseguições e ao fracasso aparente no plano terrestre, à realidade da salvação que lhe será concedida no meio de suas obrigações, e à vitória final, obra de Cristo ressuscitado que venceu a morte.

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